Agência Sebrae
Belo Horizonte – Mais de 6,7 milhões de associados, 7,5 mil organizações e produção que corresponde a 6% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Não faltou às cooperativas brasileiras o que comemorar no último sábado (8), Dia Internacional do Cooperativismo. Práticas e valores como a ajuda mútua e responsabilidade, igualdade e gestão democrática vieram para o Brasil na bagagem dos imigrantes europeus que se instalaram, principalmente, no Sul e no Sudeste. Por isso, o movimento também ficou concentrado nessas regiões.
“Agora vemos um crescimento no Centro-Oeste”, diz o presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg), Ronaldo Scucato.
Além de organizar trabalhadores de forma mais justa, os princípios do cooperativismo têm sido de grande utilidade no trabalho do Sebrae com grupos de empresários. Em Minas, foi criada a metodologia chamada de Cultura da Cooperação, que visa estimular a integração dos empreendedores de um setor. “Nosso objetivo é melhorar as questões comportamentais, resolver conflitos e promover a união”, explica a coordenadora do projeto, Andréa Damazio.
Segundo ela, depois de passar pela metodologia, os empresários ampliam seu campo de visão em relação ao segmento, enxergam melhor os atores fundamentais para o desenvolvimento do setor. “Eles se conscientizam da importância e dos ganhos que têm quando estão juntos”, diz. No ano passado, 252 grupos passaram pela metodologia. A Cultura da Cooperação agora está sendo utilizada em projetos das unidades estaduais do Sebrae na Bahia e em Sergipe.
A Organização Mundial do Trabalho (OIT) considera o cooperativismo uma ferramenta para alavancar o desenvolvimento econômico de países emergentes. “É uma forma de estimular o empreendedorismo”, afirma o presidente da Ocemg. No entanto, em comparação com países desenvolvidos, o Brasil tem número pequeno de pessoas ligadas ao movimento, segundo Scucato. A média em países como França, Canadá, Japão e Itália é de participação de 40% da população em cooperativas, entre associados e seus dependentes. No Brasil, esse número é de apenas 10%. “Isso só se modifica com educação e com o exemplo de boas cooperativas”, acredita.
Cooperativismo se aprende
A lei estadual 15.075 inclui o ensino de cooperativismo nas escolas estaduais mineiras. Atualmente, 18 escolas mineiras das regiões por onde passa a Estrada Real e do castigado semi-árido já introduziram o assunto para seus jovens do primeiro ano do segundo grau. “Preparamos professores e funcionários e disponibilizamos livros e material didático”, conta a pedagoga da Ocemg, Thaís Leite.
Já são 19,2 mil alunos beneficiados desde o princípio deste ano e, segundo a lei, até 2009 todas as 1.800 escolas da rede estadual já devem ter incluído o cooperativismo nas aulas. “Não é um investimento de retorno a curto prazo, mas alguém tem que dar o primeiro passo”, diz Ronaldo Scucato.
“No primeiro módulo são ensinados os princípios e valores que regem o cooperativismo. Depois trabalharemos os sonhos individuais e coletivos e no desenvolvimento de planos de negócios para que eles entendam como formar uma cooperativa”, conta Thaís Leite. Segundo o presidente da Ocemg, a cooperativa precisa ser gerida como empresa. “Não se admite mais amadorismo”, afirma.
Da necessidade de profissionalizar gestores nasceu o Ópera, uma pós-graduação para agentes de desenvolvimento em cooperativismo realizada pelo Sebrae em Minas. Cerca de 200 pessoas já passaram pelo curso, desde 99, quando foi criado. “Para se formar uma cooperativa é necessário reunir 20 pessoas. Muitas vezes elas não sabem nada sobre gestão e vão aprender na prática”, afirma Andréa Damazio.