Brasília – O saldo negativo das transações correntes (compras e as vendas de mercadorias e serviços do Brasil com o resto do mundo) de US$ 81,374 bilhões em 2013 é o maior da série histórica do Banco Central (BC), iniciada em 1947. Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o déficit ficou em 3,66%, pior resultado desde 2001 (4,19%). Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (24) pelo BC.
Segundo o chefe adjunto do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha, o resultado foi influenciado pela redução do saldo da balança comercial. Em 2013, o superávit comercial ficou em US$ 2,558 bilhões, saldo bem menor do que o de 2012 (US$ 19,395 bilhões).
Rocha citou também o aumento das despesas de brasileiros em viagens internacionais, que chegaram ao recorde de US$ 25,342 bilhões em 2013. Para ele, a elevação da renda dos brasileiros contribui para o crescimento das despesas em viagens, mesmo com p dólar em alta.
Os gastos de empresas com aluguel de equipamentos também contribuíram para o aumento do déficit. Eles somaram US$ 19,06 bilhões, no ano passado. Rocha disse que o número está “vinculado ao crescimento dos investimentos na economia brasileira”.
Para 2014, o executivo disse que o déficit em transações correntes deverá ser menor. Segundo ele, isso será possível devido ao maior crescimento da economia global, o que levará ao aumento da demanda por produtos brasileiros. Além disso, com o dólar em alta, as exportações poderão ficar ainda maiores. A projeção do BC para o déficit em transações correntes este ano é de US$ 78 bilhões, ou 3,53% do PIB.
Os investimentos estrangeiros diretos (IED) no Brasil não foram suficientes para financiar o déficit das contas externas em 2013. O IED totalizou US$ 64,045 bilhões, que corresponde a 2,88% do PIB. O resultado é menor que o de 2012, que foi de US$ 65,272 bilhões (2,9% do PIB).
Rocha declarou, porém, que o déficit em transações correntes “foi majoritariamente financiado pelo ingresso de investimento estrangeiro direto, que são capitais de longo prazo”.