Alexandre Rocha, enviado especial
Rio de Janeiro –A aproximação com outros países emergentes vai continuar a ser uma das prioridades da política de comércio exterior no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que começa no dia 01 de janeiro. "Esta é uma política de governo e ela continuará independentemente de quem forem os colaboradores do presidente", disse ontem (30) o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. Lula ainda não anunciou sua equipe de governo para os próximos quatro anos.
No primeiro dia do 26º Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), no Rio de Janeiro, Furlan destacou que a busca por novos mercados foi um fator importante para o crescimento do comércio exterior brasileiro nos últimos anos. Entre estes destinos estão os países árabes.
O presidente da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos do Brasil (Apex), Juan Quirós, disse à ANBA que os países do Oriente Médio e Norte da África continuarão a ter atenção especial. "Vamos continuar o trabalho nos países árabes, para onde as exportações só cresceram nos últimos quatro anos. Eles terão prioridade total", afirmou. A Apex desenvolve uma séria de ações em conjunto com a Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
Nos próximos anos, a Apex, que é vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, pretende intensificar o trabalho de fortalecimento da imagem do Brasil juntos aos consumidores estrangeiros, ampliar o uso dos centros de distribuição que mantém no exterior, inclusive com a realização de eventos para compradores nestes locais, e atuar diretamente com lojas de departamentos e supermercados para consolidar canais de distribuição. "Ganha quem chega primeiro", afirmou Quirós.
Propostas
Durante o primeiro dia do evento, representantes dos setores público e privado discutiram propostas para temas como a desburocratização do comércio exterior, investimentos, exportação de serviços, logística e transportes.
Na seara dos serviços, por exemplo, o ministro das Cidades, Márcio Fortes, disse que o setor movimenta cerca de US$ 3,5 trilhões no mundo. O diretor da Construtora Andrade Gutierrez, Luiz Cláudio Martins Jordão, acrescentou que só na América Latina são investidos US$ 40 bilhões por ano em obras de infra-estrutura, que demandam serviços de engenharia, sendo que US$ 10 bilhões são gastos na contratação de empresas estrangeiras. As companhias brasileiras, no entanto, só abocanham 5% deste mercado.
"Toda a estrutura do comércio exterior brasileiro foi desenvolvida para a exportação de bens", disse Jordão. Mas, de acordo com ele e com outros participantes do debate, exportação de serviços abre caminho para a exportação de produtos e também de outros serviços. "No nosso caso, ela abre oportunidade para parceiros nossos atuarem no exterior, pois uma obra utiliza caminhões, tratores, aço, etc", afirmou.
Na avaliação do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Benedicto Fonseca Moreira, o Brasil tem que "aprender a exportar tudo". A criação de uma legislação específica para o comércio exterior do setor é uma das demandas da AEB junto ao poder público. A entidade organiza o Enaex.
No debate sobre logística, além das reivindicações por investimentos públicos em transportes, os participantes destacaram a importância da multimodalidade, ou seja, o frete de cargas que utiliza mais de um meio de transporte, mas é regido por apenas um contrato e sob a responsabilidade de um único operador.
Câmara Árabe
Paralelamente aos painéis, empresas e órgãos que patrocinam o evento instalaram estandes institucionais no Hotel Glória. A Câmara Árabe é uma delas. Diversos representantes de órgãos do governo e empresários visitaram o espaço no primeiro dia do evento.
Eles estavam em busca de informações sobre os serviços da entidade, como o cadastro de importadores, as missões que ela organiza e as feiras que participa, além de dados sobre os países árabes. Apareceram empresários interessados em exportar produtos como granitos, artefatos de moda, cosméticos, calçados, alimentos, bebidas e material de construção.