Alexandre Rocha
São Paulo – "Fortalecimento das Relações Econômicas entre os Países Árabes e os Países da América Latina". Esse é o nome do estudo que o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), Michel Alaby, vai fazer a convite da Liga dos Estados Árabes, com o objetivo de subsidiar a entidade, e o seu secretário-geral Amr Mussa, com informações e sugestões para a reunião de cúpula entre os chefes de estado árabes e sul-americanos a ser realizada em dezembro no Brasil. O encontro foi idealizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O convite foi feito a Alaby no dia 24 de março no Cairo, Egito, e o prazo de entrega do relatório foi fixado para o dia 31 de julho. A Liga representa os 22 países árabes.
Alaby disse que vai levantar dados históricos sobre a imigração árabe para a América Latina, sobre as empresas de origem árabe instaladas na região, além de pesquisar as informações de intercâmbio comercial entre cada país.
"Vou levantar quais são as características da pauta de comércio entre esses países e traçar um quadro estatístico mostrando o volume de comércio nos últimos dois ou três anos", declarou o diretor da CCAB.
Ele acrescentou que vai verificar também quais são os acordos de comércio já existentes entre as nações das duas regiões.
Propostas
Como não se trata apenas de uma pesquisa, mas de um trabalho propositivo, Alaby vai apresentar também sugestões para aumentar o comércio e as relações econômicas entre latino-americanos e árabes.
Entre as propostas possíveis está a assinatura de acordos de livre comércio regionais, como entre o Mercosul e os países do Golfo Arábico. Já estão em andamento conversas para um acordo entre o Mercosul e o Egito. Um cronograma de negociações deverá ser apresentado em junho.
Outra proposta é incentivar os investimentos por meio de tratados de cooperação tecnológica, de transferência de tecnologia e na área tributária, para evitar, por exemplo, a bitributação do imposto de renda sobre os investimentos.
Além disso, ele deverá sugerir a elaboração de um programa de eventos de negócios e culturais nos países envolvidos. "Fazer, por exemplo, feiras latino-americanas nos países árabes e vice-versa", disse. Outra sugestão possível é o aumento da freqüência das linhas de transporte aéreo e marítimo entre as duas regiões.
Países
Alaby disse que os países latino-americanos que mais têm relações com os árabes são a Argentina, Brasil e México. No caso da Argentina os principais itens de exportação são as carnes bovina e de carneiro, trigo e soja.
Embora o Brasil seja o maior parceiro comercial dos árabes na América Latina, com uma corrente comercial que somou quase US$ 5,5 bilhões em 2003, entre exportações e importações, o México, de acordo com Alaby, tem maior visibilidade. Segundo ele, existem restaurantes mexicanos em praticamente todos os países árabes e a música mexicana também é bastante conhecida. Além disso existem empresários mexicanos de origem árabe conhecidos ao redor do globo, como o megaempresário Carlos Slim, dono da Telmex.
Além do estudo econômico que será feito por Alaby, a Liga Árabe vai produzir também outros dois relatórios sobre as relações com a América Latina, um na área cultural e outro voltado para a política.