São Paulo – A ministra das finanças da França, Christine Lagarde, foi eleita nesta terça-feira (27), pelo Conselho Executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), para ser a próxima diretora-gerente da instituição, a partir de 05 de julho. Ela será a primeira mulher a comandar o órgão, criado em 1944. Christine venceu o presidente do Banco Central do México, Agustín Carstens, e irá liderar a entidade por cinco anos.
O processo de escolha de um novo diretor-geral para a instituição começou em 20 maio, depois que o ex-diretor-gerente Dominique Strauss-Kahn renunciou. Ele deixou o cargo após ser preso, minutos antes de voar de Nova York para Paris. Ele é acusado de abusar sexualmente de uma camareira de um hotel na metrópole norte-americana. Christine, então, se colocou como candidata.
Ela foi escolhida pelos 24 integrantes do Conselho Executivo, que representam os 187 países-membros do FMI. Entre os dias 20 e 23 de junho, Christine e Carstens se reuniram com os conselheiros e com os diretores executivos da instituição para expor suas propostas de ações à frente do FMI. Ao fim destes encontros, os integrantes escolheram a francesa.
Em nota, o FMI afirmou que tanto Christine quanto Carstens eram candidatos qualificados para o cargo e que o objetivo era escolher um deles por consenso. "Baseado no perfil do candidato que foi apresentado, o Conselho Executivo, após considerar todas as informações relevantes nas candidaturas, escolheu a senhora Lagarde por consenso. O Conselho Executivo espera que Lagarde efetivamente lidere o FMI como sua próxima diretora-gerente", afirmou a instituição.
Desde que decidiu concorrer ao cargo, Christine passou a visitar alguns dos países que integram o FMI, como o Brasil. Ela visitou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em 20 de maio. Na manhã desta quarta-feira, pouco antes de Christine ser anunciada como próxima diretora-gerente do FMI, Mantega declarou apoio à candidata francesa.
Christine era a favorita ao cargo, mas alguns países em desenvolvimento relutavam em apoiá-la porque desejam que os emergentes tenham mais espaço nas decisões do FMI. O candidato mexicano tinha o apoio de Canadá e Austrália. Christine era a preferida do Brasil, Egito e China, embora só hoje o governo brasileiro tenha se manifestado oficialmente a seu favor. Desde o começo da disputa pela vaga, ela se comprometeu a dar mais espaço às nações em desenvolvimento durante seu mandato.
A principal reclamação destas nações é que deixe de vigorar um acordo praticado entre norte-americanos e europeus desde que o FMI e o Banco Mundial foram criados, antes do fim da Segunda Guerra Mundial, no Acordo de Bretton Woods. Desde então, o principal posto do Banco Mundial sempre é ocupado por um norte-americano. Já o FMI é liderado por um europeu. Os emergentes querem que isso mude.
Antes de ser ministra das finanças da França, cargo que ocupa desde 2007, Christine, de 55 anos, foi ministra de Comércio Exterior do país europeu. Ela atuou como advogada do setor antitruste e foi presidente do escritório de advocacia Baker&McKenzie.