Agência Sebrae
Belo Horizonte – A cidade mineira de Cruzília fica a cerca de 400 km do balneário de Guarujá, no litoral paulista. Mas, ainda assim, é lá que a empresa de Dílson Salgado foi buscar clientela. Depois de se aposentar trabalhando em estaleiros nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, ele resolveu criar sua carpintaria e continuar fazendo acabamento interno e mobiliário para embarcações. Mesmo com as viagens freqüentes, o negócio tem dado certo.
Dílson acredita que existe mercado para todos e resolveu incentivar os companheiros do setor moveleiro de Cruzília a entrar no setor. “Na cidade há mão-de-obra de boa qualidade e o trabalho é muito parecido, salvo algumas especificações e adaptações”, afirma.
“A cidade já está na quarta geração de famílias dedicadas à industria moveleira. Eles produzem móveis finos, sob encomenda e seus principais mercados são as capitais paulista e carioca”, explica o técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) na região, Rodrigo Andrade.
Segundo ele, o setor naval é uma oportunidade de crescimento. “As empresas nunca estão paradas e um novo nicho significaria investimentos, contratações, aumento de faturamento e geração de renda no município”, acredita.
A empresa de Dilson já tem 32 funcionários e pretende contratar mais dez para dar conta das encomendas que já estão fechadas até maio do ano que vem. “Há quatro anos fazíamos um barco por ano. De agora até o princípio do ano que vem já temos encomenda de cinco”, diz.
A oficina do aposentado é a de maior faturamento e número de empregados das 17 que compõem o grupo apoiado pelo Sebrae. “Antes o ambiente entre elas era de muita competição e desconfiança. Agora elas já se vêem como parceiras e por isso há a chance de compartilharem até os clientes”, avalia Rodrigo. Dentre as empresas da cidade cinco já estão preparadas para entrar no mercado naval.
“Se a gente quiser tomar conta de tudo em algum momento acaba falhando. Desta forma, também ajudamos os outros a crescer”, afirma. Os colegas começam a se convencer do potencial da construção naval, um nicho inusitado para quem está bem longe do mar.
Segundo Dílson Salgado, um período de estagnação nos estaleiros tirou do mercado boa parte dos profissionais. Nos últimos três anos, no entanto, a tendência se inverteu. “Acredito que pelo menos até 2010 teremos um mercado em alta”, avalia.