Agência Brasil
Brasília – A importância dos países emergentes na balança comercial do Brasil já supera a dos países desenvolvidos, como os Estados Unidos. A avaliação foi apresentada ontem (28) pelo diretor do Departamento de Negociações Internacionais do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Evandro Didonet, durante seminário sobre políticas do comércio exterior brasileiro realizado no Tribunal de Contas da União (TCU).
Dados do ministério apontam que as exportações para os países em desenvolvimento aumentaram de US$ 26 bilhões em 2002 para US$ 75,3 bilhões em 2006. Essa quantia equivale a 54,74% do total vendido pelo país e nesse mesmo período as vendas para os países desenvolvidos passaram de US$ 34,4 bilhões para US$ 62,2 bilhões.
"Os países emergentes são cada vez mais relevantes no plano econômico. Os ganhos na área de comércio internacional serão ainda maiores se mantivermos essa política de apostas num estreitamento cada vez maior com os países do Sul [emergentes]", disse Didonet, para quem o fato não ocorre apenas no Brasil: "Hoje, vendas entre os emergentes já representam 46% do comércio exterior desses países".
O Brasil e o Mercosul, acrescentou, não têm intenção de se fechar para outros mercados. Segundo o diretor, o principal item da agenda do ministério para os próximos meses é a negociação de um acordo comercial com a União Européia. Mas há ainda a progressão das relações comerciais com os países árabes, superados apenas pela União Européia na importação de produtos agrícolas. "Também temos negociações com Israel e com a União Aduaneira da África Austral [formada por Botsuana, Lesoto, Namíbia, África do Sul e Suazilândia] para um acordo de livre comércio", disse.
O ministro disse ainda que o Mercosul não tem acordo comercial com países desenvolvidos por causa da elevada produção de insumos: "O Mercosul é uma superpotência agrícola. Quando México, Chile ou Coréia do Sul fecham acordos com os Estados Unidos ou com a União Européia, eles não enfrentam o temor que a agricultura daqui desperta".
Ele também citou a pressão dos países desenvolvidos sobre o bloco: "Os acordos firmados como os norte-americanos têm normas restritivas como a previsão de um mecanismo de solução de controvérsias entre o comprador e o Estado". Por meio desse mecanismo, explicou, um investidor estrangeiro pode levar a uma corte internacional o governo do país em que aplica seu dinheiro: "O Brasil e o Mercosul não poderia aceitar uma cláusula que prevê tratamento privilegiado ao investidor estrangeiro".