Da redação*
São Paulo – O Federal Reserve (Fed), que controla a política monetária dos Estados Unidos, deverá reduzir a taxa de juros do país em, no mínimo, 0,75 ponto percentual. Diante do corte, os países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), bloco formado por Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Catar, Arábia Saudita, Kuwait e Omã, serão obrigados a reformar suas políticas monetárias. As informações foram publicadas pelo site árabe de notícias Gulf News.
"Ao atrelar suas moedas ao dólar, os países do GCC delegaram sua política monetária aos Estados Unidos", afirma Christian Mouchbahani, CEO do banco de investimento Jefferies para a região do Oriente Médio e Norte da África. A taxa base do Fed, usada para calcular todas as demais taxas de juros, sofreu uma redução de 5,25% para 3% em setembro de 2007.
No domingo (16), o Fed anunciou um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de desconto, que determina os juros sobre empréstimos concedidos diretamente a instituições financeiras. A taxa de desconto do Fed no momento é de 3,25%.
"Os cortes nas taxas de juros sem dúvida irão aumentar a pressão sobre os bancos centrais nos países membros do GCC. Com isso, cresce a necessidade de reavaliar algumas moedas, como o dirham dos Emirados e o rial do Catar. A solução é ancorar as taxas de câmbio em uma cesta de moedas (em vez de atrelar a moeda a uma única moeda – o dólar)", disse Simon Williams, economista-chefe do banco HSBC no Oriente Médio, ainda segundo o Gulf News.
A expectativa de que o Fed reduza as taxas hoje faz crescer a especulação nas economias do Oriente Médio. A moeda do Kuwait atingiu um valor recorde, de acordo com a agência de notícias Reuters. Nos Emirados Árabes Unidos, a especulação com a moeda nacional, o dirham, também deve aumentar até que o banco central do país defina sua posição.
Apesar da situação altamente inflacionária, os países do Golfo serão forçados a seguir os cortes nas taxas dos Estados Unidos. "O mais provável é que os principais bancos do GCC reduzam suas taxas de depósito e mantenham as de empréstimo", disse Monica Malik, diretora econômica do banco de investimento EFG Hermes.
Economistas afirmam que os países do Golfo chegaram a um ponto no qual terão de desatrelar suas moedas do dólar o quanto antes. "As taxas de juros reais negativas, combinadas à inflação crescente, devem aumentar o nível de prioridade da reforma monetária no GCC. Os níveis inflacionários devem permanecer altos. Há 60% de chance de ocorrer uma reavaliação ainda no primeiro semestre deste ano", afirmou Malik.
*Tradução de Gabriel Pomerancblum