Da Redação
São Paulo – Os países do Oriente Médio e Norte da África têm condições de manter um crescimento econômico sustentável nos próximos anos, de acordo com relatório sobre o desenvolvimento e expectativas para a economia da região divulgado pelo Banco Mundial (Bird) neste final de semana. De acordo com o estudo, o Produto Interno Bruto (PIB) da região poderá crescer 5,6% este ano e 5,2% em 2007 e 2008.
Segundo a pesquisa, batizada de "Mercados Financeiros em uma Nova Era do Petróleo", pelo menos até 2008 o preço do barril da commodity deverá se manter acima dos US$50, o que vai continuar a garantir um fluxo considerável de recursos para a região. Para o Bird, prevalecendo as políticas orçamentárias prudentes, o crescimento dos grandes produtores de petróleo, embora vá ocorrer num ritmo menor, ainda ficará acima dos 5% nos próximos anos.
As economias da região que são pobres em petróleo, por sua vez, deverão se beneficiar da recuperação da demanda européia por outros produtos. Além disso, com o petróleo um pouco mais barato do que nos patamares atuais, estes países deverão gastar menos com a importação da commodity e com subsídios na venda de combustíveis ao consumidor.
Segundo o Bird, em 2005 o Oriente Médio e o Norte da África viveram o terceiro ano consecutivo de crescimento considerado "espetacular", impulsionado pelo desempenho dos países exportadores de petróleo. No último triênio, o PIB da região cresceu em média 6,2% ao ano, o melhor desempenho desde o final da década de 1970.
O banco considera que, além do preço do petróleo em alta, os grandes produtores da commodity têm demonstrado uma "impressionante" austeridade fiscal, diferentemente do que ocorreu em outros períodos de alta nas cotações.
O Bird diz que estas nações estão "construindo liquidez" por meio do acúmulo de reservas em moeda estrangeira, da criação de fundos de estabilização do petróleo e do pagamento de dívidas. "Elas estão buscando estratégias comuns para a diversificação das riquezas oriundas do petróleo em ativos estrangeiros e também para transformar esta riqueza finita em fluxos de ganhos de longo prazo", diz o estudo. "Elas trabalharam quase em uníssono para desenvolver seus laços comerciais e para encorajar maior participação estrangeira em suas economias", acrescenta.
Mercado financeiro
Esta injeção de recursos proporcionada pelo preço do petróleo fez com que a região assistisse também a um grande aumento nas atividades dos mercados financeiros, com um forte crescimento na oferta de crédito, surgimento de mercados de ações e amplo desenvolvimento do setor imobiliário. "Os países com economias baseadas no petróleo foram os principais recebedores de recursos, mas ocorreu também um aquecimento do mercado financeiro em algumas das nações pobres em petróleo por causa do aumento do fluxo de investimentos inter-regional, das remessas de dinheiro (por pessoas que vivem fora de seus países) e do turismo", diz o estudo.
O aumento de crédito e a melhora do perfil dos empréstimos fizeram com que crescesse também a rentabilidade e a qualidade dos ativos dos bancos. Vários países da região, de acordo com a pesquisa, também promoveram reformas no setor, que incluíram a reestruturação de bancos públicos, privatizações, autorização de funcionamento para entidades privadas, entre outras medidas. Os países ricos em petróleo também têm demonstrado, segundo o estudo, progressos na gestão governamental. "Esta é uma área na qual o bloco costuma demonstrar um déficit significativo em relação ao resto do mundo", informa a pesquisa.
Já os países pobres em petróleo sofreram nos últimos anos com a valorização da commodity, pois estão gastando mais com a importação do produto e com subsídios na venda de combustíveis ao consumidor. No entanto, estas nações têm promovido reformas econômicas, principalmente nas áreas de liberalização do comércio e regulação. "Os países pobres em petróleo tiveram nos últimos cinco anos, em média, um progresso mais forte (nesta seara) do que todas as outras regiões do mundo", afirma o relatório.
Outras questões que os países da região têm que lidar são o acesso ainda limitado das empresas privadas aos financiamentos bancários, um mercado de ações cada vez mais especulativo e pouco direcionamento dos recursos do petróleo para o setor produtivo.