São Paulo – Os protestos populares que estão ocorrendo em alguns países árabes não devem afetar os negócios da mineradora brasileira Vale. De acordo com o diretor executivo de Marketing, Vendas e Estratégia, José Carlos Martins, os negócios com o Oriente Médio representam apenas 3% das vendas da companhia. Em coletiva de imprensa, o executivo afirmou que a Vale comercializa na região apenas pelotas de minério de ferro e que o volume é pequeno diante do volume total vendido pela empresa.
“Temos um cliente grande no Egito, que está operando normalmente e temos um cliente grande na Líbia, que está paralisado”, afirmou, agregando, no entanto, que o volume que vai para os dois países não chega a 1% do total. Ele admitiu, no entanto, que em relação ao preço das commodities os últimos acontecimentos na região têm um impacto importante. O executivo citou o preço do petróleo, mas reforçou que não acredita que, do ponto de vista econômico, esta crise tenha grande repercussão nos negócios da Vale.
A empresa iniciou recentemente testes em sua planta de pelotização em Omã, que é um país árabe do Oriente Médio, mas não passa por instabilidade. A Vale listou a operação entre os projetos entregues no ano passado e informou que a planta terá produção de 9 milhões de toneladas por ano. Esse e mais outros cinco novos projetos colaboraram para o bom desempenho da companhia em 2010, que teve produção recorde de minério de ferro e também o maior lucro líquido de uma indústria de mineração.
A produção de minério de ferro da companhia ficou em 308 milhões de toneladas no ano passado, com crescimento de 29,4% sobre 2009. Em pelotas foram 49 milhões de toneladas, com crescimento de 105,4%. A receita da empresa alcançou US$ 45,2 bilhões, 21% acima do recorde, que era de 2008, e também o lucro da Vale foi a US$ 17 bilhões, com crescimento de 30,6% sobre o maior resultado anterior, de 2008: US$ 13,2 bilhões.
A Vale informou, durante coletiva de imprensa, que pretende dobrar o seu valor até 2015, quando terão sido entregues 33 novos grandes projetos. “Ao entregar estes projetos vamos estar dobrando o valor da companhia”, afirmou o diretor executivo de Relações com Investidores, Guilherme Cavalcanti. E disse ainda que apesar de a empresa estar vivendo seu melhor momento, o melhor ainda está por vir. A empresa acredita que, além dos preços do minério, que devem permanecer altos, os projetos que entraram em operação no ano passado terão ainda maior impacto no desempenho da empresa em 2011.
O bom desempenho esperado pela Vale está baseado na observação de uma política monetária global expansionista, no crescimento do consumo nos emergentes e Estados Unidos, no aumento de investimentos das empresas, na recuperação de países desenvolvidos e ampliação do crescimento industrial.
Martins afirmou que a Vale, que já é 85% voltada para o exterior, estará cada vez mais voltada para o mercado internacional. Um dos motivos é que as siderúrgicas locais tem suas próprias minas ou as estão desenvolvendo. A Vale, por isso, está investindo em siderúrgicas para ter alguma participação no fornecimento para o mercado interno. Mesmo o minério vendido dentro do país, para, por exemplo, a Samarco, com a qual a empresa tem joint-venture, acaba sendo exportado depois de transformado em pelotas.