Brasília – O saldo negativo em transações correntes (todas as operações do Brasil com o exterior) de janeiro a julho deste ano, de US$ 19,512 bilhões, foi o mais elevado da série histórica do Banco Central, iniciada em 1947. Em 12 meses, o resultado negativo de US$ 19,9494 bilhões foi o maior desde março de 2002. Em julho, o saldo negativo de US$ 2,111 bilhões foi o maior para este mês desde 1997.
De acordo com o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, o motivo para esse resultado em julho é o aumento das remessas de lucros e dividendos de empresas filiais para as matrizes no exterior, elevação do pagamento de juros, característico do mês de julho, e aumento do déficit na conta de viagens internacionais.
Para Lopes, a expectativa é de desaceleração no déficit em conta corrente. A previsão é que em agosto o resultado negativo caia para US$ 1 bilhão. “Se esse resultado se concretizar, teremos desaceleração de pagamento líquido relativos a serviços, lucros e dividendos e o comportamento bom da balança comercial”, afirmou.
O chefe do Departamento Econômico do BC também ressaltou que o déficit em conta corrente será financiado pelo investimento estrangeiro direto (IED), caracterizado pelo interesse duradouro do investidor no empreendimento. Em julho, o valor chegou a US$ 3,24 bilhões. No mês de agosto, até hoje, o IED chegou a US$ 4,5 bilhões, por influência de uma operação do setor de mineração. A expectativa do BC é fechar o mês em US$ 5,2 bilhões e o ano em US$ 35 bilhões.
Os setores que mais receberam investimento estrangeiro direto, no ano, foram o metalúrgico (17,2%), serviços financeiros (14,8%) e extração de minerais (8,7%). Lopes destacou também os setores de atividades imobiliárias e construção de edifícios que indicam crescimento da participação de IED, apesar de não serão os que mais recebem esse tipo de investimento. Essses segmentos responderam por 4,6% e 4,2% do IED, respectivamente.