São Paulo – O Catar anunciou nesta terça-feira (08) que irá emprestar US$ 2 bilhões e doar US$ 500 milhões ao Egito. O dinheiro será utilizado para ajudar o país do Norte da África a controlar a desvalorização da libra egípcia e a equilibrar as contas. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro do Catar, Hamad Bin Jassem Al Thani, após se reunir com o presidente egípcio, Mohamed Morsi.
De acordo com informações da agência de notícias Associated Press, a ajuda do Catar ao Egito soma US$ 5 bilhões desde agosto de 2012. Morsi assumiu o poder em julho. O país do Golfo já havia repassado US$ 2 bilhões em empréstimos e US$ 500 milhões em doações no segundo semestre do ano passado.
O dinheiro será utilizado principalmente para evitar que a libra egípcia continue a se desvalorizar. Nesta terça-feira, o Banco Central do Egito realizou um leilão em que a moeda local foi cotada a 6,4492 libras por dólar. No domingo, a moeda fechou o dia cotada a 6,4185 libras por dólar. A perda de valor acarreta também a redução das reservas internacionais que, segundo as autoridades egípcias, somam US$ 15 bilhões, suficientes para cobrir os gastos de três meses de importações.
A situação econômica do Egito foi afetada pela revolta popular que resultou na renúncia do ex-presidente Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro de 2011. Morsi foi eleito em julho de 2012, mas em novembro novas manifestações tomaram as ruas do Cairo após o presidente ter aumentado seus poderes por meio de um decreto e em protesto ao projeto da nova Constituição do país.
FMI
Além do empréstimo do Catar, o Egito deverá receber ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI). O diretor do FMI para Oriente Médio e Ásia Central, Masood Ahmed esteve no Cairo esta semana. O empréstimo de US$ 4,8 bilhões que o Egito pediu à instituição foi aprovado em novembro, mas suspenso em dezembro a pedido do país, porque exigia o aumento de impostos, o que também contribuiu para a insatisfação popular. Em nota, Ahmed afirmou que as conversas com as autoridades egípcias têm sido produtivas.
“O FMI continua empenhado em apoiar o Egito no cumprimento de seus crescentes desafios econômicos e de caminhar para um modelo de crescimento econômico inclusivo por meio de um programa local socialmente equilibrado. Estou confiante no compromisso das autoridades em adotar as medidas necessárias para alcançar a sustentabilidade fiscal e externa. Em seguida às reuniões de hoje (segunda-feira) e com base no trabalho que deverá ser feito, concordamos que uma missão técnica do FMI irá visitar o Cairo nas próximas semanas para retomar as discussões sobre um possível apoio financeiro do FMI”, diz o comunicado.
De acordo com o site do jornal egípcio Al Ahram, o mercado local recebeu bem a retomada do diálogo com o FMI. O índice EGX 30, da Bolsa do Cairo, avançou 1,23% na terça-feira e encerrou o dia com 5.804 pontos. Das 179 ações negociadas, 99 tiveram alta, 58 registraram baixa e 22 permaneceram estáveis. A movimentação financeira foi de US$ 95 bilhões.