São Paulo – A economia palestina está perdendo competitividade, tem dificuldades para exportar e uma indústria baseada em produtos de pouco valor agregado. Esta é a conclusão do relatório "Desafios fiscais e custos econômicos de longo prazo" que foi divulgado nesta terça-feira (12) pelo Banco Mundial e será apresentado no fórum de doadores da Autoridade Palestina no próximo dia 19, em Bruxelas, na Bélgica. O estudo também afirma que o dinheiro doado à Palestina é suficiente apenas para atender as necessidades no curto prazo, mas não para garantir seu desenvolvimento.
O relatório reconhece que a economia palestina tem crescido. Entre janeiro e setembro de 2012, por exemplo, o Produto Interno Bruto (PIB) da Cisjordânia teve crescimento de 5,48% e o da Faixa de Gaza, de 7,7%. O PIB dos territórios ocupados cresceu 6,06% neste período. Mesmo assim, diz o levantamento, a atividade econômica da Palestina se expandiu menos nos primeiros três meses de 2012 do que em 2010 ou 2011 devido a um "declínio" nos setores de agricultura e pesca e um crescimento "lento" no setor de construção civil.
A participação das exportações no PIB do país cai desde 1994 e em 2011 correspondeu a 7% de tudo o que o país produziu, um dos piores desempenhos do mundo. O Banco Mundial também observa que os produtos feitos e exportados pela Palestina têm baixo valor agregado, o que prejudica a arrecadação com as exportações. Do total das remessas palestinas em 2011, Israel comprou 86%, Jordânia 5%, Emirados Árabes Unidos 1%, Estados Unidos 1%, Arábia Saudita 1% e os outros países juntos, 5%. Os principais produtos exportados foram pedras para construção civil (12,8% do total), lingotes de aço ou ferro (7,9%) e mármore (4,6%).
Outros fatores que impedem o crescimento da Palestina são a infraestrutura precária, a falta de dinheiro para executar ações de longo prazo e de mão de obra qualificada. Em relação ao desemprego, o relatório observa que além de elevado ele é duradouro, o que impede que a população economicamente ativa desenvolva habilidades para atuar em um setor específico da atividade econômica. Em 2012, o desemprego nos territórios palestinos atingia 22,9% da população. A média de tempo que um palestino ficou desempregado em 2011 foi de um ano, o dobro do registrado no ano 2000.
Na avaliação do estudo do Banco Mundial, a Palestina obteve nos últimos anos avanços que permitem que suas instituições executem atividades de um estado. No entanto, as restrições impostas por Israel ao seu desenvolvimento e a falta de progresso nas negociações restringem o crescimento sustentável do país.
A diretora do Banco Mundial para a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, Mariam Shreman, afirmou que a continuidade das doações e o aumento de reformas que permitam a Autoridade Palestina administrar os “desafios fiscais” continuam a ser uma prioridade. “No entanto, esforços muito mais ousados para criar as condições de uma economia viável precisam ser feitos”. Na avaliação da diretora, estes esforços irão evitar a deterioração da economia palestina e das condições de vida da sua população.