São Paulo – O diretor do Departamento do Oriente Médio e Ásia Central do Fundo Monetário Internacional (FMI), Masood Ahmed, retorna ao Egito neste final de semana para reiniciar as negociações de um empréstimo de US$ 4,8 bilhões ao país, segundo informou o porta-voz adjunto da instituição, Willian Murray, durante entrevista coletiva nesta quinta-feira (14), em Washington, transmitida pela internet.
"A ideia é discutir o programa econômico das autoridades locais e os próximos passos no engajamento do FMI com o Egito", disse Murray. O Fundo chegou a um acordo com os egípcios em novembro do ano passado, mas o país pediu sua suspensão no mês seguinte, em meio a protestos contra o governo, por receio de que medidas de austeridade, como o aumento de impostos, gerassem mais instabilidade.
O Egito passa por um conturbado processo de transição política desde a queda do então presidente Hosni Mubarak em janeiro de 2011, em meio à Primavera Árabe. As necessidades de ajustes nas contas se contrapõem à demanda popular por mais empregos e inclusão social. Com as reservas internacionais em queda e a libra egípcia em desvalorização, o país precisa de financiamento externo.
Murray não fez previsões sobre quais podem ser os resultados das reuniões do executivo do Fundo no Cairo, mas reiterou: "O FMI segue totalmente comprometido em apoiar o Egito nesse momento crítico, por meio de um programa doméstico que enfrente os desafios econômicos e financeiros do país e crie condições para uma recuperação econômica durável e socialmente inclusiva."
Tunísia
O porta-voz adjunto falou também sobre as negociações do FMI com a Tunísia após a troca de governo no país. Saiu Hamadi Jebali do cargo de primeiro-ministro e entrou Ali Larayedh em seu lugar. Assim como o Egito, a Tunísia passa por um processo difícil de transição desde a renúncia, também em 2011, do então presidente Zine El Abdine Ben Ali.
Os tunisianos negociam um acordo do tipo Precautionary Stand-By Arrangement no valor de US$ 1,78 bilhão. Esse instrumento é utilizado quando o país não tem intenção de utilizar o empréstimo, mas pode fazê-lo caso seja necessário. No início de fevereiro, o FMI informou que as negociações estavam “avançadas”, mas isso foi antes do assassinato do líder oposicionista Chokri Belaid, que provocou um recrudescimento da instabilidade política e, posteriormente, à formação de um novo governo. Tanto Jebali quanto Larayedh pertencem ao mesmo partido, o Ennahda.
De acordo com Murray, as negociações prosseguem no “nível técnico”. “Um novo governo foi indicado e o nosso pessoal está inquirindo quais são suas intenções e seu mandato”, declarou. “O FMI continua preparado para ajudar a Tunísia no que for necessário durante este difícil processo de transição política”, acrescentou.