Alexandre Rocha
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São Paulo – A Embraer espera faturar cerca de US$ 6,5 bilhões em 2008, mais do que os US$ 5,2 bilhões estimados para este ano, que já é um resultado histórico para a companhia. “Este ano nós cumprimos todas as metas de entregas e receitas”, afirmou o presidente da empresa, Frederico Fleury Curado, durante almoço com jornalistas na sexta-feira (14). Em 2006 a Embraer teve que adiar as entregas de algumas aeronaves.
A empresa pretende fechar 2007 com a entrega de 170 jatos comerciais e executivos. Em 2006 a companhia faturou US$ 3,8 bilhões. Ela tem ampliado as vendas nos dois segmentos. Embora a aviação comercial seja o carro chefe, as aeronaves executivas estão ampliando sua participação nas receitas. Tanto que a Embraer revisou suas previsões sobre a fatia que a área virá a ocupar em seus negócios.
“O mercado está crescendo como um todo, mas a Embraer entrou pesadamente no ramo de aviões executivos somente em 2005. E hoje nós temos em carteira um volume de pedidos 10 vezes maior nesta área do que tínhamos naquela época”, afirmou o vice-presidente da empresa para o mercado de aviação executiva, Luis Carlos Affonso.
De acordo com ele, em 2005 a empresa estimava que a os jatos executivos responderiam por 20% do faturamento num período de cinco a dez anos. Hoje ela prevê que a fatia será de 25% até o final da década. “Vamos atingir uma participação maior em um prazo menor devido à aceitação de nossos produtos no mercado”, disse Affonso.
De lá para cá a companhia lançou três novos modelos, os Phenom 100 e 300, de pequeno porte, e o Lineage 1000, de grandes dimensões, que vieram se juntar ao Legacy 600 que já existia. Atualmente a Embraer estuda colocar no mercado mais duas aeronaves, desta vez de médio porte, mas ainda não há data para o lançamento.
Feira
Uma amostra do desempenho deste segmento foi o resultado obtido pela companhia na Dubai Air Show, feira do setor de aviação que ocorreu em novembro nos Emirados Árabes Unidos. Durante o evento a empresa anunciou novas vendas no valor de US$ 1,1 bilhão, sendo US$ 623 milhões em aviões executivos e US$ 479 milhões em jatos comerciais.
Até o final de 2007 a Embraer deverá ter entregue 32 jatos Legacy e, em 2008, entre 30 e 35. Os modelos mais novos só começarão a ser entregues no ano que vem. “Estamos entregando mais do que o previsto”, disse Affonso.
Além do aumento do portfólio de produtos, o executivo declarou que o mercado internacional está aquecido para a aviação executiva, especialmente nos países emergentes. “O crescimento da aviação executiva predomina nos países emergentes, pois é onde as economias crescem mais e surgem cada vez mais pessoas super-ricas e ultra-ricas”, afirmou.
Um exemplo disso é que os Estados Unidos já representaram de 75% a 80% do mercado de aviões executivos da companhia, mas hoje a fatia do país é de 50%. Affonso destacou a Rússia, o Oriente Médio e a América Latina como mercados com boas taxas de crescimento, o que acaba diminuindo o receio de queda nas vendas durante uma recessão nos EUA.
Ele acrescentou, no entanto, que há um outro fator para o bom desempenho que é a mudança de mentalidade em relação ao setor. “Hoje os aviões executivos não são mais só vistos e utilizados como objetos de luxo, mas como ferramenta de trabalho, de produtividade”, disse.
A carteira de pedidos de aviões executivos de empresa soma hoje US$ 4,5 bilhões, sendo que o total de encomendas firmes da companhia está em US$ 17,2 bilhões.