Alexandre Rocha
São Paulo – As exportações brasileiras do setor de máquinas e equipamentos para os Emirados Árabes Unidos aumentaram quase 51,81% nos primeiros quatro meses do ano. No total, os embarques do segmento para o país do Golfo Arábico renderam US$ 12,231 milhões, contra US$ 8,057 milhões registrados no mesmo período de 2003, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
Os Emirados figuram no 21° lugar no ranking dos 50 maiores compradores do setor em 2004. Nesta lista aparece ainda o Egito, outro país árabe, com compras que renderam US$ 2,843 milhões no primeiro quadrimestre. O valor, no entanto, é um pouco menor do que o registrado no mesmo período do ano passado, que foi de US$ 2,857 milhões.
"O Brasil não estava voltado para esses mercados, mas agora eles estão sendo procurados pelas empresas, na medida em que apresentam um potencial de compra ainda não explorado", disse nesta segunda-feira (31) o presidente da Abimaq, Luiz Carlos Delben Leite.
De acordo com ele, os países árabes e outros mercados considerados alternativos, pelo menos até há pouco tempo, como a África do Sul, a China e a Rússia, têm chamado mais a atenção do governo brasileiro, o que resultou na realização de missões oficiais e a participação em feiras e, conseqüentemente, na "abertura de portas" para os empresários.
Geral
No total, as exportações do setor renderam US$ 1,868 bilhão nos primeiros quatro meses do ano, contra US$ 1,141 bilhão no mesmo período do ano passado, o que significa um aumento de 32,11%.
Apesar do interesse nos novos mercados, os mais tradicionais continuam a liderar o ranking dos importadores, inclusive aqueles que são grandes exportadores de máquinas e equipamentos, como os Estados Unidos, a Alemanha e a Itália.
Em primeiro lugar na lista aparecem os EUA, com compras no valor de US$ 536,8 milhões, seguidos da Argentina (US$ 248,8 milhões), Alemanha (US$ 142,6 milhões), México (US$ 134 milhões), Reino Unido (US$ 82,6 milhões) e Itália (US$ 56,4 milhões). A China em 7° lugar com importações de US$ 55,2 milhões, seguida por Chile, Venezuela e França.
Demandas
Nesta segunda-feira Delben Leite se encontrou como o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, em São Paulo, para apresentar uma série de demandas dos empresários do setor.
Entre elas a rápida implementação do Modermaq, programa de financiamentos para a compra de bens de capital anunciado em março pelo governo. Delben Leite saiu da reunião dizendo que os recursos devem estar disponíveis até o final da semana.
O programa, bancado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), prevê a liberação de recursos iniciais no valor de US$ 2,5 bilhões destinados ao financiamento da compra de máquinas e equipamentos.
Os juros previstos serão de 14,95% ao ano. A Abimaq quer também a redução da taxa para os mesmos patamares praticados no Moderfrota, um programa semelhante destinado ao setor de transportes. Segundo Delben Leite, os juros para o Moderfrota são de 12,75% ao ano para valores acima de R$ 250 mil e de 8,75% para montantes mais baixos. Sobre esse tópico Furlan nada comentou.
Pesquisa realizada no final do ano passado pela Abimaq revelou que os empresários do setor pretendiam investir cerca de R$ 6 bilhões na produção este ano. Segundo Delben Leite, com o Modermaq o valor poderá subir para R$ 8 bilhões.
"Os empresários têm buscado o mercado internacional, mas para isso suas empresas têm que ser competitivas", disse o presidente da Abimaq, referindo-se à contínua necessidade de modernização do parque industrial. Apesar do aumento das exportações, a balança comercial do setor de máquinas e equipamentos é deficitária para o Brasil.
Na área tributária, Delben Leite pediu a Furlan mudanças nas formas de cobrança do PIS a da Cofins. A Abimaq quer que os tributos sejam cobrados de todas as empresas na forma de impostos de valor agregado. "Tudo o que a empresa comprar é creditado no regime de alíquota de 7,6% e tudo o que vender é debitado", disse Delben Leite.
Os empresários do segmento querem ainda a ampliação da lista de produtos contemplados pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para bens de capital.
Entre os pleitos da Abimaq, o único que teve uma resposta imediata foi a liberação dos recursos do Modermaq. O resto Furlan ficou de encaminhar a outros órgãos do governo, especialmente ao Ministério da Fazenda.
"Mas eu sai satisfeito. Normalmente o ministro Furlan tem muita percepção desse tipo de assunto e geralmente os encaminha dentro do governo", conclui Delben Leite.