Alexandre Rocha
São Paulo – As receitas das exportações brasileiras para os países árabes, em janeiro e fevereiro, cresceram 27,34% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo informações divulgadas ontem (04) pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB). O total acumulado nos dois primeiros meses de 2004 foi de US$ 533,4 milhões, ante US$ 418,8 milhões registrados em 2003.
Na outra ponta, as importações do mundo árabe somaram US$ 535 milhões, contra US$ 459 milhões registrados em janeiro e fevereiro de 2003. Um aumento de 16,6%. No total, a corrente comercial entre brasileiros e árabes (soma das exportações e das importações) aumentou 21,5% no período, passando de US$ 877,8 milhões para US$ 1,068 bilhão.
Na avaliação do presidente da CCAB, Paulo Sérgio Atallah, os números registrados nos dois primeiros meses deste ano são “muito alentadores”. “Está indo bem e acho que vai continuar pelo resto do ano, mas isto é apenas o início”, afirmou ele.
Para Atallah, os principais fatores que possibilitaram o aumento dos números do intercâmbio entre o Brasil e os árabes foram a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à região em dezembro passado, a realização da Semana do Brasil em Dubai na mesma época e, no caso específico das exportações, o aumento dos preços da carne bovina, do frango e das commodities em geral no mercado internacional.
Egito se torna maior importador
Em termos de destinos, o destaque ficou para o Egito, que comprou 22,51% de tudo o que o Brasil exportou para a região. No total as vendas para o país do norte da África renderam US$ 120 milhões em receitas cambiais em janeiro e fevereiro, um aumento de 138,5% em relação ao mesmo período de 2003.
Com isso o Egito, que era o terceiro maior comprador do Brasil na região, passou a ser o primeiro do ranking, em termos de receitas, seguido dos Emirados Árabes Unidos (receitas de US$ 82,7 milhões, 15,51% do total) e da Arábia Saudita (US$ 82,3 milhões, 15,44% do total).
“O Egito foi justamente um dos países visitados pelo presidente Lula. Mas as exportações para a Síria e para a Líbia, outros países que foram visitados, também cresceram barbaridade”, ressaltou Atallah.
De acordo com informações divulgadas pela CCAB, o crescimento das vendas para o Egito foi resultado, principalmente, do aumento dos embarques de carne bovina e açúcar para aquele país. Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), o país do norte da África ficou em segundo lugar em janeiro entre os maiores compradores de carne bovina in natura do Brasil em termos de receitas (US$ 15,1) e em primeiro no que diz respeito às quantidades embarcadas (15,2 mil toneladas).
No total, as vendas de carne bovina para o Egito em janeiro (in natura e industrializada) somaram 16,2 mil toneladas e geraram receitas de US$ 15,8 milhões, um aumento de 36% na quantidade embarcada e de 70% nos valores em comparação a janeiro de 2003.
No caso do açúcar, as exportações para o Egito renderam US$ 8,8 milhões no primeiro mês do ano, ante os US$ 4,5 milhões registrados em janeiro de 2003.
Diversificação da pauta
Outro fator citado por Atallah, como responsável pelo aumento nas exportações para os árabes, foi a diversificação da pauta. Embora os principais produtos embarcados continuem sendo o frango, o açúcar, a carne bovina, o minério de ferro e o café, outros produtos passaram a fazer parte da lista, como o trigo que ficou em 6º lugar na pauta das exportações para os árabes em janeiro. A venda do produto, para o Marrocos e Argélia, rendeu quase US$ 18,3 milhões aos produtores brasileiros em janeiro.
Conforme a ANBA noticiou no dia 26 de janeiro, o Brasil exportou trigo pela primeira vez em 2003 e um dos destinos foi o Egito. Embora a demanda interna pelo produto seja muito maior do que a produção nacional, os produtores decidiram exportar em face dos baixos valores pagos pelos moinhos brasileiros, o que os representantes do setor passaram a chamar de “ditadura dos moinhos”.
Além disso, de acordo com a Câmara Árabe Brasileira, continuam a aumentar as vendas de produtos de maior valor agregado para os árabes. Foram tratores para Emirados Árabes Unidos, Argélia, Marrocos e Arábia Saudita, veículos de passeio para o Egito, tubos de aço para a Argélia, chassis de ônibus para os Emirados e Egito, leite em pó para a Argélia e o Iraque, refrigeradores para Marrocos e Emirados, granito para os Emirados, Líbano e Catar, móveis para os Emirados e calçados para a Arábia Saudita, Emirados e Tunísia.
Entre os principais itens da pauta de exportações do Brasil para os árabes figura ainda o petróleo (sim o Brasil exporta petróleo para os árabes, conforma já noticiou a ANBA). O óleo bruto ficou em terceiro lugar na lista de produtos exportados para a região em janeiro (US$ 24,7 milhões). Na pauta de janeiro de 2003, porém, estava em primeiro lugar (US$ 47,8 milhões).
Sardinha
Na outra ponta, fora os produtos que o Brasil já importa dos árabes, como o petróleo, óleo diesel, nafta e fertilizantes, a grande novidade nas importações foi a compra de sardinha do Marrocos em janeiro no valor de US$ 909,3 mil. O produto nem constava da pauta de comércio do Brasil com os países árabes no primeiro mês de 2003 e agora já está em 8° lugar.