Randa Achmawi
Cairo – As exportações do Egito para o Brasil aumentaram 147% entre janeiro e setembro deste ano, em comparação com os primeiros nove meses de 2006, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil (Mdic). O valor dos embarques chegou a US$ 35,4 milhões no período. O fato foi até noticiado por alguns jornais árabes.
“É verdade que os exportadores egípcios estão descobrindo e se interessando cada vez mais pelo mercado brasileiro. Mas isto ainda não está se refletindo de maneira muito clara. Os produtos vendidos ao Brasil ainda seguem sendo os mesmos. Nenhum outro foi acrescentado à lista de mercadorias tradicionais”, disse Abdel Hamid Al Saad, do escritório comercial da embaixada do Brasil no Cairo.
Para Al Saad, o aumento das exportações se explica basicamente pela ampliação dos embarques de fertilizantes, como o superfosfato, produto que se encontra no topo da pauta. “Os exportadores de superfosfato descobriram o mercado brasileiro há quatro ou cinco anos e a partir de então passaram a exportá-lo em grandes quantidades. Isso foi, no entanto, interrompido no decorrer do ano passado, mas retomado com grande intensidade este ano", afirmou. De janeiro a setembro, as vendas do produto ao Brasil renderam mais de US$ 10 milhões.
De acordo com Heba Ezzat, da egípcia Polyserve, maior vendedora da mercadoria ao Brasil, até outubro a companhia já embarcou de 150 mil a 200 mil toneladas do fertilizante do tipo GSSP (granular single super phosphate). "Exportamos o GSSP há vários anos para o Brasil, mas este ano pela primeira vez também exportamos o chamado Rock Phosphate (fosfato de cálcio)”, disse Heba. Segundo ela, 100 mil toneladas de fosfato de cálcio foram acrescentadas às exportações de GSSP.
Heba informou que desde que a empresa descobriu o mercado brasileiro, há cerca de 04 anos, a tendência das exportações de superfosfato egípcio vem crescendo regularmente, mesmo com a interrupção ocorrida no ano passado. “Durante o ano passado não exportamos porque não houve demanda por parte do mercado brasileiro. Mas ela recomeçou este ano e voltamos a vender um grande volume de material", disse.
De acordo com ela, as perspectivas são otimistas. A empresa espera exportar 300 mil toneladas de GSSP no próximo ano, no valor de US$ 24 milhões, e entre 100 mil e 150 mil toneladas de fosfato de cálcio, num total entre US$ 8 milhões e US$ 12 milhões.
Comércio em ascensão
Mas as perspectivas de aumento das exportações não se limitam somente às transações feitas com o Brasil e outros paises da América do Sul. “As exportações egípcias cresceram de um modo geral e de maneira bem visível nos últimos 3 anos e isso é certamente uma das conseqüências positivas da nova política econômica do governo do primeiro-ministro, Ahmed Nazif”, disse Nevine Kamel, analista de economia e comércio do jornal Al Ahram, o principal do país. "As reformas implementadas conseguiram atrair um grande número de investimentos para o país", acrescentou.
Segundo ela, as exportações, sobretudo as de produtos não petrolíferos, cresceram de maneira significativa nos últimos dois anos. “Hoje nossas exportações são muito mais variadas. Só no setor têxtil as vendas aos Estados Unidos cresceram quase 40% ao ano nos últimos dois anos”, afirmou Nevine, acrescentando que desempenhos semelhantes têm ocorrido em vários outros setores, como o de móveis e na indústria alimentícia.
Os inúmeros acordos de livre comércio assinados ou encaminhados com diversos países, como os da União Européia, Estados Unidos, Rússia, o acordo de Agadir (com alguns paises Árabes) e com os do bloco do Comesa estão favorecendo o aumento do intercâmbio comercial entre o Egito e o mundo. “A assinatura destes acordos também contribui para que a indústria egípcia entre na lógica global de produção e melhore a qualidade de seus produtos”, disse Nevine. "Só assim eles poderão se tornar competitivos e conquistar bons espaços no mercado internacional", concluiu.