São Paulo – A avaliação mais recente que o Fundo Monetário Internacional (FMI) fez do Brasil indica que o Produto Interno Bruto (PIB) do País deverá ter retração de 1% em 2015. Divulgada nesta sexta-feira (10), a previsão é pior do que a última apresentada pela instituição, em janeiro deste ano, na atualização do relatório Perspectivas Econômicas Globais (WEO, na sigla em inglês). Naquele documento, a estimativa era de crescimento de 0,3% em 2015 e de 1,5% em 2016. Agora, a estimativa é de recessão neste ano e expansão de 0,9% no ano que vem.
O documento afirma que o Brasil tem “difíceis desafios” pela frente e precisa fortalecer a credibilidade da sua política econômica e atrair a confiança do mercado para voltar a crescer.
Segundo a avaliação do Fundo, o impulso observado na última década resultou no aumento da renda, redução da pobreza, expansão do consumo, mas perdeu força nos últimos anos. A inflação está elevada e, apesar da demanda doméstica fraca, o déficit em conta corrente atingiu 4,2% do PIB em 2014. Em 2012, o déficit correspondia a 2,4% do PIB.
O FMI afirma que o Brasil ainda não se beneficiou de eventuais efeitos positivos do dólar valorizado e observa que o País não apresenta resultados bons no comércio exterior. Além disso, afirma que o ajuste fiscal e a redução dos investimentos da Petrobras afetam o crescimento brasileiro.
“A deterioração reflete condições comerciais desfavoráveis, queda nas exportações para a Argentina e aumento nas importações de combustíveis provocadas pela seca (crise hídrica). A recente depreciação do real em relação ao dólar, resultado em parte de uma valorização geral da moeda norte-americana, não se traduziu em aumento proporcional de competitividade no mercado externo”, afirma o documento.
O FMI lembra que a queda no crescimento e a piora no desempenho fiscal do País afetaram suas notas de crédito soberano, embora as agências de classificação risco ainda mantenham o Brasil em “grau de investimento”.
O documento reconhece que desde o começo deste ano o governo começou a colocar em prática uma série de medidas que têm como objetivo restaurar a credibilidade. Afirma que o “pivô” desta estratégia é o “ambicioso” ajuste fiscal que prevê um superávit primário de 1,2% do PIB em 2015 e de 2% nos dois próximos anos. Essa é a economia feita para pagar juros da dívida.
O FMI também reconhece como importante a política brasileira de manter o câmbio flutuante e observa como “bem-vinda” a diminuição das intervenções do governo no mercado de câmbio. Até abril, o Banco Central fazia leilões diários de dólar para conter o avanço da moeda norte-americana. O Fundo prevê que essas medidas deverão fazer a economia voltara crescer no fim deste ano.
“Diretores observaram a necessidade de manter reduções fiscais e reduzir a rigidez orçamentária, simplificar o sistema tributário, solucionar fontes de pressão fiscal, como as aposentadorias e o sistema de indexação de salários (atrelados à inflação)”. Os diretores do Fundo se reuniram com autoridades brasileiras em 16 de março.