São Paulo – A última avaliação do Sudão feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) afirma que o déficit orçamentário do país está crescendo e o saldo negativo em conta corrente já chega a 10,8% do Produto Interno Bruto (PIB), que se retraiu 2,6% em 2012. O principal motivo para a piora no desempenho econômico é a divisão do país, que resultou, em 2011, na criação do Sudão do Sul. O último ficou com a principal riqueza do Sudão: o petróleo. De acordo com o relatório divulgado nesta sexta-feira (04) pelo Fundo, o país pode se beneficiar se ampliar a cooperação com o outro lado da fronteira.
No começo de setembro, os presidentes do Sudão, Omar Al Bashir, e do Sudão do Sul, Salva Kiir, chegaram a um acordo para explorar petróleo. O equivalente a 75% das reservas do Sudão ficaram no território do Sudão do Sul. No entanto, o Sudão do Sul não tem portos e precisa utilizar os oleodutos do Sudão para escoar a produção pelo Mar Vermelho. O Sudão ameaçava bloquear os oleodutos, mas o acordo entre os dois países impediu que isso ocorresse. A exploração de petróleo é uma das principais fontes de receita dos dois países. Sudão e Sudão do Sul têm outros acordos comerciais.
De acordo com os indicadores divulgados pelo FMI, o PIB do setor petrolífero do Sudão caiu 3,9% em 2010, 36% em 2011, 62,4% em 2012 e deverá crescer 46,9% neste ano. O PIB real do país, que reúne também os dados do setor não petrolífero, deverá se expandir em 4,1% neste ano após ter caído 2,6% em 2012. Mesmo com essa previsão de crescimento, a situação econômica do país é “desafiadora”, afirma o FMI.
Além de precisar reduzir os déficits orçamentário e externo, observa o documento do fundo, o Sudão precisa pagar e negociar as muitas dívidas que tem com credores internacionais e também precisa reduzir a inflação, que chegou a 44,4% em 2012 e caiu 22,9% entre janeiro e agosto deste ano. A previsão do FMI é que a inflação caia “um pouco” nos próximos meses, embora os preços devam continuar a crescer “dois dígitos”.
O FMI afirma que a “prioridade imediata” das autoridades sudanesas deverá ser a correção de desequilíbrios fiscais. Para isso, sugere a redução de gastos, a diminuição de transferências aos estados, a retirada de subsídio e aumento de coleta de impostos. Já a solução para a dívida do País, afirma o Fundo, está em trabalhar junto com o Sudão do Sul para convencer os credores a aliviar a dívida dos países.
Essas medidas, diz o FMI, são necessárias para que o Sudão cresça de forma sustentada, reduza a pobreza da sua população e gere empregos. O Fundo prevê que, se o Sudão adotar as medidas que promovam o crescimento econômico, o déficit orçamentário do país deverá se reduzir nos próximos dois anos devido a troca de impostos entre o Sudão e o Sudão do Sul e a ampliação de acordos financeiros, prevista para os próximos anos. No entanto, essas medidas estão sujeitas a instabilidades políticas e conflitos regionais.