Alexandre Rocha, enviado especial
Rio de Janeiro – O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, fez hoje (30) pela manhã, na abertura do 26º Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), no Rio de Janeiro, um balanço dos quase quatro anos que está à frente da pasta. "Há alguns anos ninguém poderia imaginar que a corrente comercial do Brasil (exportações mais importações) superaria os US$ 1 bilhão de média diária, como ocorreu este ano", disse ele à platéia de representantes dos setores público e privado reunidos no Hotel Glória.
Furlan reiterou que as exportações brasileiras devem chegar aos US$ 135 bilhões até o final do ano, com um aumento de 15% em comparação com o ano passado. No que diz respeito às importações, o crescimento consolidado deverá ficar em 25%.
"Mas é importante ressaltar a qualidade das importações, a maior parte é formada por insumos, máquinas e equipamentos. As importações de bens de consumo, embora tenham crescido 50% este ano, representam somente 15% do total", declarou. Durante sua gestão, diversos bens de capital importados foram desonerados do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). De acordo com ele, a desoneração de produtos e investimentos deverá continuar.
O ministro destacou a aproximação com outros mercados emergentes como uma das políticas de sucesso do atual governo. "As exportações para a Venezuela, por exemplo, estão prestes a ultrapassar as para a Itália e no futuro próximo vão passar as vendas para o Japão. E as vendas para o mercado venezuelano são de produtos de alto valor agregado", disse. "Países como Chile, Peru e México se tornaram protagonistas do comércio exterior brasileiro", acrescentou.
Na seara do relacionamento com outros países e blocos econômicos, ele destacou o acordo de salvaguardas na área têxtil feito com a China, o convênio de livre comércio de veículos com o México, o mecanismo de consultas bilaterais com o governo dos Estados Unidos e os acordos comerciais que o Brasil negocia com o Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), Egito, África do Sul e outros países.
Furlan destacou o trabalho da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos do Brasil (Apex) na divulgação da imagem e dos produtos brasileiros lá fora, com a participação em centenas de eventos internacionais. Ele falou também da realização de 59 Encontros de Comércio Exterior (Encomex) em várias regiões do Brasil com a participação de 40 mil pessoas.
O ministro ressaltou o papel fundamental da iniciativa privada no crescimento do comércio exterior brasileiro. "Quem exporta, corre, labuta, é o empresário", afirmou. Ele destacou o avanço da internacionalização das empresas brasileiras. "A empresa que quer garantir seu futuro precisa estar próxima aos seus mercados. Desta forma ela promove o desenvolvimento e leva a imagem do Brasil aos mais distantes rincões do mundo", afirmou.
Ele reafirmou também que os investimentos em infra-estrutura que melhorem a logística das exportações brasileiras serão prioridade no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assim como medidas para desoneração do setor produtivo e de desburocratização.
Evento
Estas são justamente algumas das demandas apresentadas pelo presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Benedicto Fonseca Moreira, também na abertura do Enaex. A entidade organiza o evento, que este ano tem como tema a formulação de uma política de desoneração do comércio exterior.
"O ministro pode muito, mas não tudo. Os empresários têm que ajudar a resolver os problemas e este é o objetivo deste Enaex", disse Moreira. Ele pediu que Furlan permaneça no cargo pelos próximos quatros, manifestação bastante aplaudida pelo público presente. O presidente Lula ainda não anunciou sua equipe para o segundo mandato.
Também na abertura, o presidente da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugênio Golveia Vieira, declarou que o estado do Rio passou do 9º lugar entre os estados exportadores do Brasil em 2000 para 5ª no ano passado. "Este ano já estamos na 4ª posição", afirmou. O maior exportador do Brasil é o estado de São Paulo.
PIB
Em entrevista após a abertura do evento, Furlan disse que espera que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresça mais no ano que vem. "O setor agrícola terá uma safra normal, com os preços dos produtos em um bom patamar. Isto vai colaborar para que o PIB de 2007 seja turbinado", afirmou.
Segundo dados divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB brasileiro cresceu 0,5% no terceiro trimestre deste ano em relação ao segundo e 3,2% em comparação com o terceiro trimestre do ano passado.
Ele evitou, no entanto, fazer previsões sobre o crescimento da economia. Para ele, as projeções serão mais claras depois que o governo anunciar todas as medidas prometidas para incentivar os investimentos no país.