Da redação
São Paulo – A General Motors do Brasil apresentou, na sexta-feira (13), o primeiro carro "multicombustível" a ser produzido em série no país. O modelo, um Astra Sedã de motor 2.0 litros e oito válvulas, pode rodar com gasolina, álcool, a mistura do dois, e com gás natural. Trata-se de uma evolução dos veículos "flex fuel", que já são fabricados no país e funcionam com gasolina e álcool. Segundo informações da empresa, o carro vai chegar ao mercado até o final do mês.
A companhia preparou um evento em grande estilo para marcar o lançamento do modelo. Levou um exemplar para Brasília e o apresentou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto. "Gostei muito do carro. É muito bom. Podem comprar", disse o presidente, segundo informou a assessoria de imprensa da GM. Lula entrou no carro, ligou o motor e verificou o funcionamento do sistema de gerenciamento de combustível batizado de "Multipower", fabricado pela Bosch do Brasil.
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, que esteve no evento, já pensa nas possibilidades de exportação. "A gente espera exportar essa tecnologia, uma vez que o segmento de transporte tem tido desempenho extraordinário nas exportações, crescendo acima de 30%. Não só na parte de veículos de passeio, mas também na área de veículos pesados e equipamentos", afirmou o ministro, de acordo com informações da Agência Brasil.
No período de janeiro a julho deste ano, as exportações brasileiras de veículos, que incluem automóveis, ônibus, caminhões e máquinas agrícolas, já renderam US$ 4,35 bilhões. A Previsão de Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) é de que e receita com as vendas externas deve chegar a US$ 7,5 bilhões até o final do ano. Número que, se confirmado, vai representar um aumento de 36% em relação a 2003.
Hoje (16) a diretoria da GM vai apresentar o Astra multicombustível ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. No início do ano, Alckmin convocou uma reunião com representantes da indústria e do setor de petróleo e gás para discutir a ampliação do uso do gás natural na matriz energética brasileira. No ano passado, a Petrobras descobriu uma enorme jazida do combustível na Bacia de Santos, que fica no litoral paulista.
Democracia
Na ocasião, o secretário estadual do Meio Ambiente, José Goldemberg, fez um pedido para que as montadoras de automóveis começassem a fabricar carros "tricombustível", movidos a gasolina, álcool e gás. O secretário da Ciência e Tecnologia, João Carlos Meirelles, acrescentou que isso iria "democratizar" o mercado de combustíveis para os consumidores, que assim poderiam escolher entre os três tipos.
Na reunião, o vice-presidente da GM do Brasil, José Carlos Pinheiro Neto, assim como outros empresários presentes, disse que o seria necessária alguma vantagem de caráter tributário para que o projeto fosse comercialmente viável.
No mesmo encontro, o vice-presidente da Boch para a América Latina, Besaliel Botelho, que também participou do evento com Lula na sexta-feira, acrescentou que sua empresa já detinha a tecnologia para a fabricação do sistema de gerenciamento dos combustíveis, mas também falou da necessidade de redução de impostos, que já havia sido concedida no caso dos veículos "flex fuel".
Na sexta-feira, segundo a Agência Brasil, o ministro Furlan disse que o governo federal estuda a possibilidade de conceder uma redução tributária para os carros multicombustível. "Esse tema está em análise pelo ministro (Antonio) Palocci (Fazenda) e eu espero que dentro deste segundo semestre exista uma definição", declarou.
Empresa
A GM, que comercializa no Brasil os carros da marca Chevrolet, opera no país há 79 anos. Trata-se da segunda maior operação da empresa fora dos Estados Unidos.
No ano passado, as exportações combinadas da GM do Brasil e da Argentina bateram um recorde histórico e renderam US$ 1,2 bilhão para a companhia, um aumento de 20% em comparação com 2002. As duas subsidiárias vendem para mais de 40 países, inclusive para o Oriente Médio e para a África.