Brasília – O investimento estrangeiro direto no Brasil chegou a US$ 66,66 bilhões em 2011, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (24) pelo Banco Central (BC). O resultado superou o de 2010, que ficou em US$ 48,506 bilhões. Somente em dezembro, esses investimentos chegaram a US$ 6,645 bilhões. O resultado foi suficiente para financiar o déficit em transações correntes.
A conta de transações correntes fechou o ano com déficit de US$ 52,612 bilhões. Somente no mês de dezembro, o resultado negativo ficou em US$ 6,040 bilhões. O número de 2011 superou o de 2010, que ficou em US$ 47,323 bilhões, e foi o maior da série histórica do BC, iniciada em 1947.
O saldo negativo correspondeu a 2,12% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2010, essa relação foi de 2,21%. A conta de transações correntes registra as compras e vendas de mercadorias e serviços. Nesse cálculo estão incluídas as exportações e importações de mercadorias que formam a balança comercial.
A balança comercial registrou superávit de US$ 29,796 bilhões no ano passado. A balança de serviços (viagens internacionais, transportes, aluguel de equipamentos e outros) fechou o ano passado negativa em US$ 37,906 bilhões.
Na conta de rendas (remessas de lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários) registrou déficit de US$ 47,319 bilhões. As transferências correntes registraram saldo positivo de US$ 2,816 bilhões.
Os dados do BC mostram que o investimento estrangeiro em ações (negociadas em bolsas de valores no Brasil e no exterior) registrou saldo positivo de US$ 6,198 bilhões, bem abaixo do resultado registrado em 2010 (US$ 37,684 bilhões). Para este ano, a expectativa é de maior entrada desses recursos, com a projeção do BC em US$ 12 bilhões.
“As ações andaram de lado no ano passado. Um movimento fraco”, disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel. De acordo com ele, a previsão para este ano indica um “volume anual moderado”. Maciel acrescentou que esses investimentos são voláteis e refletem a percepção dos investidores quanto às oportunidades.
Dados parciais deste mês, até esta terça-feira, mostram que a entrada líquida (descontada a saída) chegou a US$ 3,033 bilhões. No caso das ações negociadas no Brasil, o resultado ficou em US$ 3,785 bilhões.
Os investimentos estrangeiros em títulos de renda fixa negociados no País registraram saída líquida (mais saída que entrada) de US$ 63 milhões no ano passado. Neste mês, até esta terça-feira, houve entrada líquida de US$ 361 milhões.
Viagens
A conta de viagens internacionais, formada pelas receitas de estrangeiros no Brasil e as despesas de brasileiros no exterior, fechou negativa em US$ 14,459 bilhões. Esse foi o maior déficit da série histórica do BC. Em 2010, o resultado, também negativo, ficou em US$ 10,503 bilhões.
Em todo o ano passado, as despesas de brasileiros no exterior chegaram ao recorde de US$ 21,234 bilhões, enquanto as receitas de estrangeiros em viagens ao Brasil ficaram em US$ 6,775 bilhões.
Somente no mês de dezembro, o déficit em viagens internacionais ficou em US$ 1,114 bilhão. Os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 1,764 bilhão e as receitas de estrangeiros ficaram em US$ 650 milhões.
Segundo Maciel, as despesas de brasileiros no exterior foram influenciadas pela continuidade do crescimento da economia e da renda, mas, a partir de agosto, com a alta da cotação do dólar, começou um período de moderação no crescimento desses gastos. “A principal influência, sem dúvida, é o comportamento da taxa de câmbio”, destacou.
A expansão dos gastos de brasileiros em viagens ao exterior será mais moderada este ano, de acordo com Maciel. Para 2012, a previsão de déficit é de US$ 14,5 bilhões, semelhante ao número de 2011.
Os dados preliminares deste mês, até esta terça-feira, mostram que os brasileiros gastaram no exterior US$ 1,293 bilhão. As receitas de estrangeiros em viagem no Brasil estão em US$ 450 milhões.