São Paulo – As perspectivas são as melhores possíveis. Das minas do Brasil sairão US$ 35 bilhões em 2010, faturamento estimado para o setor mineral pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O resultado é 45% superior ao desempenho de 2009, que foi de US$ 24 bilhões. A animação é tanta que o instituto reviu suas projeções de investimentos na área deste ano até 2014 de US$ 54 bilhões para US$ 62 bilhões. As bases desse crescimento são, em primeiro lugar, a China, onde a demanda por minérios segue forte, e os maiores aportes em infraestrutura no país diante da realização de eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, em 2014 e 2016, respectivamente.
"No mercado interno se destaca a ampliação da produção dos bens minerais necessários para a construção civil, como areia, brita e argila, entre outros", explica o secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia, Claudio Scliar. "Já a demanda externa está ligada à enorme procura de minério de ferro por diversos países, principalmente a China", diz.
Assim, haja ferro para alimentar a locomotiva chinesa e colocar em prática projetos de pontes, estradas, estádios e terminais de passageiros, entre outras obras. Este ano, o minério deve atingir uma produção de 370 milhões de toneladas, diante de 310 milhões de toneladas em 2009.
O ferro, nossa principal commodity mineral, é um bom termômetro para medir o crescimento do setor no Brasil. De acordo com o gerente de Dados Econômicos do Ibram, Antonio Lannes, o preço médio do minério era de US$ 20 a tonelada no ano 2000. Hoje, é de US$ 125. "Antes da crise, o valor chegou a passar de US$ 200 a tonelada", explica. "A demanda cresceu mais do que a oferta", diz ele.
Nesse cenário de crescimento do setor, segundo Lannes, o país está entre as cinco maiores potências mundiais da mineração, junto com Canadá, Austrália, Chile e Rússia. "Extraímos mais de 40 minérios no Brasil, numa atividade exercida por cerca de 5,5 mil empresas e responsável por 5% do PIB", diz Lannes.
A alta capacidade de extração brasileira tem ajudado a melhorar a balança comercial do país. O saldo do setor este ano, aliás, vai superar o das contas gerais. "A estimativa para a balança é de um saldo de US$ 16 bilhões. Para a mineração, o saldo atingido deve ser de US$ 18,5 bilhões", afirma Lannes.
Fosfato e fertilizantes
O cenário favorável da mineração brasileira tem impactos até mesmo na produção de fertilizantes (feitos principalmente com potássio e fosfato) que foram responsáveis por parte do aumento no preço dos alimentos no final de 2008. Por ser o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo e ter que importar 91% das suas necessidades de potássio e 45% das de fosfato, o país começa a investir em projetos de extração desses minerais, para os quais estão previstos investimentos de US$ 2,5 bilhões entre 2010 e 2014.
Nessa linha, foi instituído o Grupo de Trabalho de Fertilizantes, formado por representantes do Ministério de Minas e Energia, Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM) e Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais (CPRM). "Entre as ações do Grupo está a criação do Projeto Fosfato no Brasil, que tem como missão mapear e ampliar as reservas nacionais do minério", explica Scliar.
Assim, num contexto de pesquisa e aportes na descoberta de novas fontes de extração, as oportunidades são boas também para os investidores estrangeiros. "Já fomos procurados por espanhóis interessados em fazer túneis para a mineração", diz Lannes.
Aos que estão no exterior e desejam investir em pesquisa ou manejo de bens minerais por aqui o secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia recomenda uma consulta aos sites do DNPM (www.dnpm.gov.br) e CPRM (www.cprm.gov.br). "Neles é possível encontrar informações sobre o potencial geológico e oportunidades de investimento", afirma Scliar, esperançoso por ainda mais agitação no concorrido setor mineral brasileiro.