São Paulo – Não encontrá-los nas melhores feiras do ramo, dentro ou fora do país, é praticamente uma missão impossível. Caprichosos e atentos às oportunidades, os artesãos mineiros ganham cada vez mais espaço nos mercados nacional e internacional. E isso não se deve apenas aos talentos das Minas Gerais: há, no estado, uma série de iniciativas de estímulo à atividade empreendedora desses profissionais, com todo o suporte para alavancar os negócios na área.
O Instituto Centro de Capacitação e Apoio ao Empreendedor (Centro Cape) é uma dessas iniciativas. Fundada em 1994, a organização não governamental oferece cursos e capacitação para produtores de pequeno porte, com foco naqueles que fazem trabalho manual. No que se refere às vendas externas, os serviços envolvem orientação e direcionamento para os que querem exportar.
"O artesanato mineiro é reconhecido no mundo inteiro", afirma a coordenadora de Exportação do Centro Cape, Maria Luiza Cardoso Drumond. "Estamos aqui para ajudar a fortalecer ainda mais esse trabalho", diz.
Entre as atividades para estimular as vendas dos mineiros lá fora estão os showrooms permanentes montados em Nova Jersey, nos Estados Unidos, e em Lisboa, Portugal. “Isso além do envio das peças dos nossos artesãos para feiras e mostras nos Estados Unidos e na Europa“, afirma Maria Luiza.
Até o momento, já foram vendidos produtos para a Alemanha, Estados Unidos, França, Portugal e Suíça. Segundo a coordenadora de exportação do Centro Cape, existem planos de chegar a outros mercados, como os países árabes. "Vender para os árabes é uma ideia a ser desenvolvida", diz. "Falta apenas acharmos uma ponte para tal, sabemos que os clientes com essa origem gostam de peças diferenciadas, com maior valor agregado".
Hoje, 50 artesãos são beneficiados pelas ações do Centro Cape. "Além dos ganhos diretos com a exportação, estar lá fora amplia a visão, valoriza a imagem desses empreendedores dentro do país, faz com que eles se estruturem melhor", afirma Maria Luiza.
Muita gente para criar
No âmbito governamental, Minas é um dos poucos estados do Brasil a possuir uma Superintendência de Artesanato. Criada em 2003, a pasta tem como objetivo criar políticas públicas de suporte, capacitação, promoção e distribuição dos trabalhos dos artesãos locais.
"Oferecemos ainda apoio à participação em feiras aqui mesmo e em outros estados do Brasil", explica o superintendente de Artesanato da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Thiago Tomaz. "São, em média, 20 eventos por ano".
O que é que o artesanato mineiro tem para merecer tanta promoção país e mundo afora? "Antes de mais nada somos um estado grande, com 853 municípios", diz Tomaz. "Sem falar que temos tradição no uso de materiais como cerâmica, pedra sabão e fibras naturais, entre outros".
Exportadora de bijuterias e acessórios feitos com cerâmica plástica, a empreendedora mineira Camila Magalhães, da Incomun Arte, aponta outros motivos para o sucesso dos trabalhos manuais feitos na sua terra. "Os melhores designers de bijuterias e jóias do Brasil estão aqui", garante ela. "Nossos produtos, de modo geral, são diferenciados, produzidos artesanalmente, o que os estrangeiros adoram", diz. "Quanto mais artesanal, melhor", afirma. Pelo visto, quanto mais mineiro também.