São Paulo – A população da América Latina e do Caribe está se beneficiando do crescimento econômico, redução das taxas de desemprego e aumento de salários para deixar a pobreza e ingressar na classe média. De acordo com um estudo divulgado nesta sexta-feira (14) pelo Banco Mundial, em 2011, pela primeira vez na história, mais latino-americanos eram cidadãos de classe média do que pobres. O banco classifica como “classe média” quem tem renda entre US$ 10 e US$ 50 por dia e pobre quem recebe diariamente de US$ 4 a US$ 10.
O estudo alerta, no entanto, que políticas de redução da desigualdade social precisam ser adotadas ou mantidas para evitar que as pessoas que deixaram a pobreza voltem a ela.
De acordo com o relatório Engatando a marcha para acelerar a prosperidade compartilhada na América Latina e no Caribe, os dois principais motivos que levaram a população a deixar a pobreza nos últimos anos foram o aumento do emprego e da renda. Desde o ano 2000, afirma o documento, os salários tiveram um aumento médio de 25%. No mesmo período cresceram mais e mais rápido os salários dos 40% mais pobres.
No entanto, a região ainda tem aproximadamente 80 milhões de habitantes vivendo na extrema pobreza, ou seja, com menos de US$ 2,5 por dia. Mais da metade deste contingente vive no Brasil e no México, dos países mais populosos da região. O estudo alerta também que 40% dos latino-americanos podem cair para a situação de pobreza em caso de crises econômicas ou devido às mudanças climáticas.
Para evitar este retrocesso, o levantamento do Banco Mundial recomenda que os governos da região adotem políticas que promovam a distribuição de renda. Entre elas, cita quatro ações prioritárias: manter um uma política fiscal equilibrada que permita que toda a sociedade prospere; fortalecer instituições para que sejam transparentes e que forneçam serviços públicos de qualidade; criar as condições para o bom funcionamento dos mercados e permitir que eles sejam acessíveis a todas as camadas sociais; e aperfeiçoar o gerenciamento de risco tanto da macroeconomia quanto da economia das famílias.
“Políticas que promovam a distribuição de renda podem aumentar a capacidade da região crescer de maneira sustentada. Criar as condições para que pessoas que atualmente estão marginalizadas melhorem seus padrões de vida as fará atingir seu pleno potencial, e assim aumentar a produtividade do país e impulsionar o crescimento”, afirmou o documento. Ainda de acordo com o Banco Mundial, se as medidas sugeridas forem adotadas, a região deverá erradicar a pobreza até 2030. Caso contrário, a meta poderá demorar mais 24 anos para ser atingida.