São Paulo – A Organização Mundial do Comércio (OMC) divulgou nesta quinta-feira (21) uma revisão de suas previsões de crescimento do comércio global para este ano e o próximo. Para 2017, a mudança para cima da projeção foi significativa, de um avanço de 2,4% previsto em abril para 3,6% agora.
Segundo a instituição, esta estimativa mais robusta é resultado principalmente de uma retomada do fluxo comercial intrarregional na Ásia e do aquecimento das importações na América do Norte, após um cenário de estagnação em 2016.
“A melhora das perspectivas do comércio é bem-vinda, mas riscos substanciais que ameaçam a economia mundial ainda permanecem e podem facilmente minar qualquer recuperação”, disse o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, segundo nota da entidade. “Estes riscos incluem a possibilidade de a retórica do protecionismo se transformar em medidas restritivas ao comércio de fato, um crescimento preocupante das tensões geopolíticas e o aumento do impacto econômico de desastres naturais”, acrescentou.
São riscos bastante palpáveis, dada a retórica beligerante e protecionista do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a escalada das tenções entre os EUA e a Coreia do Norte, o Irã e a Venezuela, o processo de saída do Reino Unido da União Europeia e a ocorrência recente de furacões no Caribe e na América do Norte, e de terremotos no México.
A revisão da perspectiva de crescimento do comércio este ano leva em consideração também a expectativa de um maior avanço do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, de 2,8% em 2017 ante 2,3% em 2016. Segundo a OMC, houve aceleração do PIB na maioria das principais economias no segundo trimestre do ano, com destaque para a China, Estados Unidos e Zona do Euro. Nos casos da China e dos EUA, isso deu impulso ao aumento das importações.
A OMC ressalta, porém, que em 2018 o ritmo de crescimento do comércio mundial deverá cair para 3,2%, em função de um esperado ajuste fiscal em países desenvolvidos e da possibilidade de alguma restrição fiscal e de crédito na China para evitar que a economia do país aqueça demais. Além disso, a entidade lembra que o desempenho de 2018 não será comparado ao de um ano fraco, como no caso de 2017 frente a 2016. No ano passado, o comércio mundial cresceu apenas 1,3%.
Semestre
No primeiro semestre de 2017, o comércio internacional avançou 4,2% sobre o mesmo período do ano passado, com as economias em desenvolvimento superando o ritmo das desenvolvidas. Se as estimativas da organização se confirmarem, o volume das importações e das exportações das primeiras ultrapassará o das últimas este ano. A instituição informa, no entanto, que ainda é cedo para dizer se isto marcará o fim da desaceleração dos mercados emergentes.
Houve crescimento nas exportações e nas importações em quase todas as regiões pesquisadas pela OMC no primeiro semestre, com exceção da América do Sul, onde não ocorreram alterações significativas. “Pelo lado positivo, o Brasil deverá voltar a ver o crescimento de suas importações e de seu PIB em 2017, mas a América do Sul como um todo deve continuar a registrar crescimento fraco do comércio e do PIB”, informou o comunicado da instituição.
Na rubrica “outras regiões”, que inclui a África, Oriente Médio e a Comunidade de Estados Independentes (ex-URSS), as exportações permaneceram praticamente estáveis, ao passo que as importações subiram 2,5% no primeiro semestre. Isto ocorreu por causa de uma recuperação parcial do preço do petróleo. Ainda que as cotações permaneçam baixas em relação às médias da história recente, houve um aumento de 21,8% nos valores em relação aos seis primeiros meses de 2016. Com mais receitas oriundas das exportações de petróleo, os países produtores têm mais recursos para importar outros produtos.