São Paulo – A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (Unrwa) pretende reduzir o impacto ambiental de sua atuação na Faixa de Gaza. No relatório Gaza em 2020 – Resposta Operacional da Unrwa, divulgado nesta terça-feira (02), o órgão apresenta seu plano de ação na região.
A partir de agosto deste ano, a Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica, na sigla em inglês) deve realizar um estudo sobre o potencial de exploração de energias renováveis em Gaza, incluindo a utilização de painéis solares nos escritórios da Unrwa, com instalação e manutenção terceirizadas à iniciativa privada. A agência da ONU pretende também reduzir seu consumo de energia.
“Até 2020, a população palestina refugiada em Gaza deve aumentar dos atuais 1,2 milhão de para cerca de 1,6 milhão”, afirmou Robert Turner, diretor da Unrwa para Operações em Gaza, segundo comunicado publicado no site da organização. “Serão 400 mil refugiados a mais, numa região já superpopulosa e altamente urbanizada; isso colocará uma enorme pressão sobre a infraestrutura e os serviços sociais”, disse ele.
A agência quer construir usinas de dessalinização, para facilitar o acesso à água potável, e aumentar a capacidade de reciclagem de lixo – os oito campos de refugiados da Unrwa em Gaza geram sete mil toneladas de resíduos sólidos por mês. A entidade está negociando com doadores a instalação de usinas de dessalinização de pequeno porte e a realização de projetos de reabastecimento do aquífero que fornece quase toda a água consumida na região, e que estará irreversivelmente comprometido até 2020.
Também até 2020, o fornecimento de energia elétrica terá de crescer em quase 100% para atender à demanda. O sistema de saneamento básico e os serviços de saúde pública precisarão de reformas e expansão para atender ao crescimento populacional.
A grande maioria da população é de jovens e as escolas, que hoje comportam 225 mil alunos, terão de acomodar 275 mil até 2020. Atualmente, 86% das escolas da Unrwa funcionam em sistema de turnos duplos, o que prejudica o aprendizado, impede a realização de atividades extracurriculares e inviabiliza o atendimento a alunos com necessidades especiais. Para continuar oferecendo educação de qualidade sem a necessidade de turnos triplos, a Unrwa terá de construir 75 novas escolas em Gaza até 2020.
De acordo com o relatório, a organização oferecerá incentivos ao setor de tecnologias da informação e da comunicação, que pode crescer apesar do bloqueio imposto por Israel, uma vez que não é limitado pelas restrições ao trânsito de pessoas e bens.
Segundo o diretor Robert Turner, mais de 70% da população de Gaza é composta por refugiados.
*Com tradução de Gabriel Pomerancblum