São Paulo – A Autoridade Monetária Palestina, equivalente ao Banco Central, pretende fazer sua primeira emissão de títulos islâmicos, ou “sukuks”, no valor de US$ 50 milhões, ainda neste trimestre, de acordo com o presidente da instituição, Jihad Al Wazir. A informação consta de reportagem do jornal The National, de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, publicada segunda-feira (06). Os “sukuks” são equivalentes a “eurobônus”, papéis emitidos por governos ou empresas para captações no exterior.
A oferta de títulos da dívida externa palestina deverá “testar o mercado e será um instrumento útil”, disse Wazir. Inicialmente prevista para o mês de abril, a emissão sofreu atraso por causa de demora na aprovação dos papéis sob a “Sharia”, a lei islâmica.
“Se pudermos acelerar [a emissão dos títulos], o fim deste trimestre seria um bom prazo”, afirmou Wazir, de acordo com o The National. O objetivo da Autoridade Monetária Palestina é expandir o mercado financeiro local e aumentar a flexibilidade do sistema bancário, que agrega 18 bancos nos territórios palestinos.
“Nossos veículos de investimento são limitados, por isso [a oferta] também poderá ser usada pelos bancos como um instrumento para aumentar a flexibilidade do mercado interbancário”, explicou ele.
A Autoridade pretende realizar mais ofertas de títulos nos próximos meses, com o intuito de “securitizar” a dívida externa, isto é, convertê-la em papéis negociáveis. De acordo com Wazir, a dívida externa palestina é de cerca de US$ 970 milhões.
Os títulos serão denominados em dólares dos Estados Unidos e terão prazo de cinco anos. A operação será baseada no conceito de “Ijara”, ou leasing islâmico. Nesse tipo de transação, o benefício gerado por um determinado ativo é disponibilizado em troca de pagamento, porém, a propriedade do ativo em si não é transferida.
Segundo Wazir, a economia da Palestina, avaliada em US$ 7,5 bilhões, cresceu 11,3% no ano passado. Nos últimos anos, houve um volume crescente de doações de países ocidentais, bem como um aumento da segurança do mercado palestino.
“Esperamos uma ligeira retração por causa da situação regional e das revoluções árabes”, avaliou o presidente da Autoridade Monetária Palestina. “O que deverá afetar a vinda de investidores à região”, acrescentou. As eleições palestinas, previstas para este ano, também poderão ter influência negativa sobre os investimentos na região, completou Wazir, sempre de acordo com o The National.
*Tradução de Gabriel Pomerancblum