São Paulo – Um projeto no Ceará está levando turistas para conhecer as belezas da Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro que está nos estados do Nordeste do Brasil e que tem um grande número de espécies de fauna e flora não encontradas em nenhuma outra parte do mundo. A organização não governamental Associação Caatinga, que trabalha com a missão de conservar a biodiversidade desta região, organiza cinco diferentes trilhas em uma área chamada Reserva Natural Serra das Almas, no município cearense de Crateús.
“A Caatinga surpreende pelas belezas, pelo porte das árvores e pela paisagem”, afirma o secretário executivo da Associação Caatinga, Rodrigo Castro, tentando desfazer a imagem que as pessoas têm deste bioma, associada à seca. A Caatinga fica seca quando a falta de chuva se estende, mas tem paisagem verde no período das águas. Crateús fica a 350 quilômetros da capital do estado, Fortaleza, e é onde a ONG tem uma base. É do município que saem os caminhões pau de arara (mas com bancos estofados e capota para dar sombra) que levam o visitante para conhecer os segredos da Caatinga.
O passeio pode durar uma hora e meia ou até quatro horas, dependendo da escolha do turista. Há roteiros de trilha mais aberta e outros de vegetação mais fechada. É possível, por exemplo, fazer uma caminhada para ver a formação rochosa, com suas bromélias e cactus, além da fauna que interage com elas. Também há a opção de conhecer como acontece a renovação da água na Caatinga, como ela fica armazenada, quais os seus caminhos. Outro passeio é a trilha que sai de uma região alta, desce a encosta, chegando a Caatinga mais seca, para observar as plantas e animais associados a cada uma das regiões.
Castro conta que na fauna da Caatinga há desde onça parda, tatu, porco do mato, cotia, preá, mocó (roedor mamífero) até macacos e gato do mato. De acordo com o secretário executivo da Associação Caatinga, dá para ver os animais durante a trilha. Há também grande quantidade de pássaros, como o beija-flor, corrupião, cancão, dorminhoco e canário da terra, entre outros. Já foram registradas 148 espécies de mamíferos, 510 de aves, 154 de répteis e anfíbios e 240 de peixes neste bioma. Entre as aves, 15 são espécies endêmicas, só existem ali.
Segundo informações do site da Associação Caatinga, as árvores, em geral, têm forma de arbusto, são de baixo porte, até cinco metros, permeadas por cactáceas (cactus) e bromélias terrestres. Mas também há as mais altas, de mais de 20 metros de altura, normalmente raras. Entre as espécies do bioma estão a catingueira, o sabiá, o angico, as juremas preta e branca. Há também Ipê roxo, cumaru, aroeira e a carnaúba.
Mas o roteiro da Caatinga tem ainda mais. Além de conhecer a reserva natural, o turista pode falar com o sertanejo, ouvir suas histórias, saber como ele lida com a falta de chuvas. Os próprios guias são jovens que vivem na região e foram treinados para mostrar o seu bioma. E o visitante ainda pode visitar o entorno da reserva, como o local onde é feito o artesanato, uma casa onde é produzida comida típica, a casa da farinha, onde a farinha é fabricada como antigamente, de forma artesanal.
Há também duas opções de hospedagem dentro da reserva, uma no centro de visitantes da Associação Caatinga, que foi transformado a partir de um estábulo e virou um local rústico, mas com todo conforto. Mais dentro da Caatinga foi feito um centro ecológico, que também é hospedaria. “Este é um roteiro para pessoas que gostam da natureza, que gostam de fazer caminhadas, que têm curiosidade sobre como vive o homem da Caatinga, como é a sua rotina”, afirma Castro. Os passeios, incluindo uma diária, guia pela trilha e visita ao entorno, chegam ao preço máximo de R$ 80 por pessoa.
A Associação Caatinga já capacitou 20 jovens para o trabalho de guias na Caatinga. Esse treinamento foi feito com a ajuda da companhia aérea TAM, já que o projeto venceu, em outubro do ano passado, um edital da empresa na área. Atualmente, estes jovens estão formando uma cooperativa para orquestrar a sua atuação. São eles também que montam os roteiros e trazem inovações para as atrações turísticas.
De acordo com Castro, a maior procura pelas trilhas é de pessoas do próprio estado, mas turistas do restante do Brasil também participam. Normalmente são grupos de estudantes, de universitários ou pesquisadores, além de observadores de aves. Também já foram recebidos alguns estrangeiros. Não há serviço de guia em outro idioma, mas se houver procura, afirma Castro, pode ser oferecida a tradução. Neste ano até agosto, o projeto já recebeu 2,6 mil pessoas. A meta é chegar a cinco mil visitantes até o final do ano.
Serviço:
Passeios na Reserva Natural Serra das Almas
Informações e reservas: +55 (88) 36918671
E-mail: crateus@acaatinga.org.br
Site: www.acaatinga.org.br