Alexandre Rocha
São Paulo – Os pescados brasileiros estão na mesa dos árabes. A Gomes da Costa, empresa que produz sardinhas e atum em conserva, fez recentemente o primeiro embarque para a Palestina e, em breve, vai começar a vender para a Líbia. O contrato com uma trading que opera nos territórios palestinos foi fechado há cerca de dois meses, e os produtos estão começando a ser comercializados este mês.
No primeiro carregamento foram embarcadas cerca de 25 toneladas de pescado enlatado, sendo 60% de sardinhas e 40% atum. "O mercado palestino consome muita sardinha", disse o gerente de exportações da companhia, Dario Chemerinski.
Essa entrega foi a primeira venda para um país árabe feita pela empresa, o que servirá como um teste. No entanto, a companhia aposta que os resultados serão favoráveis. "Já trabalhei nesse mercado na área de sucos, portanto eu sei do seu potencial", disse Chemerinski, que antes ser contratado pela Gomes da Costa, há quatro meses, trabalhou durante quatro anos como gerente de exportação da Sucos Del Valle, que também vende para a região.
Para a Líbia, a companhia espera começar a vender atum dentro de dois meses, por meio de um distribuidor local exclusivo que fará o desenvolvimento da marca no país. Os dizeres das embalagens serão impressos em inglês e árabe.
Estratégia
A busca pelo consumidor árabe faz parte da estratégia da empresa de conquistar os mercados da América Latina, África e Oriente Médio. A definição dos destinos foi feita pela espanhola Calvo, empresa que comprou a Gomes da Costa no ano passado. A matriz já tem presença em 40 países, principalmente na Europa, América do Norte e Ásia. Caberá à filial brasileira desenvolver os mercados ainda não atendidos.
Por enquanto as exportações representam pouco para a Gomes da Costa, não mais do que 5% de um faturamento que no ano passado chegou a US$ 100 milhões. A estratégia desenhada recentemente, porém, tem como meta triplicar essa participação em três anos. Hoje a empresa vende para 10 países, mas quer ampliar o número de destinos para 30.
Na avaliação de Chemerinski, a América Latina deverá responder por 50% das exportações quando a meta for atingida, e os países árabes por 20%. "A áfrica tem países que são grandes consumidores, como Marrocos, Egito, Líbia e Tunísia. E o continente vai se tornar um grande consumidor nosso", disse. A companhia vai entrar também nos mercados de Angola, Cabo Verde e Moçambique, que são países de língua portuguesa.
No Oriente Médio, Chemerinski destaca as oportunidades oferecidas pelos países do Golfo Arábico, pela Síria, Jordânia e Iraque. "No mundo árabe, praticamente todos os mercados oferecem potencial para a sardinha e o atum", disse. "Neles nós vamos competir com o Marrocos, como já está ocorrendo na Palestina", acrescentou ele, referindo-se ao fato de que o Marrocos é um grande exportador de sardinhas.
Perfil
Fundada em 1954 pelo imigrante português Rubens Gomes da Costa, a Gomes da Costa tem uma fábrica localizada na cidade portuária de Itajaí, em Santa Catarina. A companhia emprega mais de mil pessoas e produz mais de 1 milhão de latas de atum e sardinha por dia. Mas tem capacidade para produzir até 3 milhões.
No ano passado, o Brasil exportou 3,7 mil toneladas de atum em conserva, o que rendeu US$ 8,1 milhões. Entre janeiro e maio deste ano já foram embarcadas 2,2 mil toneladas a US$ 4,8 milhões. No caso da sardinha em conserva, os embarques somaram 786,6 toneladas em 2004, o que gerou receitas de US$ 1,6 milhão. De janeiro a maio de 2005, foram exportadas 400,5 toneladas a US$ 891 mil.