Da redação
São Paulo – A Transpetro, subsidiária da Petrobras do setor de transportes, assina amanhã (31), no Porto de Suape, em Pernambuco, contrato com o consórcio Atlântico Sul para a construção de 10 novos navios petroleiros do tipo Suezmax. São as primeiras encomendas do programa de modernização e expansão da frota da empresa, que prevê ao todo a fabricação de 42 embarcações de grande porte.
De acordo com a companhia, a partir do estaleiro do Atlântico Sul deverá surgir um pólo da indústria naval em Pernambuco. No ano passado, foram treinados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) profissionais ligados ao setor, como soldadores, mecânicos, operadores de máquinas, eletricistas, técnicos em eletromecânica, entre outros. Estima-se a geração de 10 mil postos de trabalho no estado por conta da encomenda.
O valor total do contrato é de US$ 1,21 bilhão. O consórcio contratado é formado pelas construtoras Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão, o estaleiro Aker Promar e o grupo coreano Samsung.
Vão participar da cerimônia de assinatura do contrato o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador pernambucano, Eduardo Campos, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e o presidente da Transpetro, Sergio Machado.
Outras encomendas
Além dos 10 navios que serão construídos em Pernambuco, a primeira fase do plano de modernização da frota prevê a fabricação de outros 16 petroleiros. Nesta fase, segundo a Transpetro, deverão ser gerados 22 mil empregos no total.
As outras embarcações, no entanto, serão produzidas por estaleiros do Rio de Janeiro (Consórcio Rio Naval e Estaleiro Mauá Jurong) e Santa Catarina (Estaleiro Itajaí). Todas as empresas venceram uma licitação realizada no ano passado. O custo total dos 26 navios da primeira fase é de quase US$ 2,5 bilhões.
A Transpetro garante que o valor total ficou apenas 1% acima do que seria gasto se as encomendas fossem feitas no mercado internacional, o que mostra que o país tem condições de voltar a competir globalmente neste mercado.
Revitalização
O programa da Petrobras se insere na estratégia do governo brasileiro de revitalizar a indústria naval no país. De acordo com a Transpetro, o Brasil chegou a ser o segundo maior fabricante de navios na década de 70, mas o setor entrou em declínio a partir dos anos 80.
Para tanto, as embarcações que forem construídas dentro do projeto têm que ter pelo menos 65% de insumos nacionais. A companhia prevê que os primeiros 26 navios vão consumir, por exemplo, 300 mil toneladas de chapas e perfis de aço, 150 mil toneladas de tubos, mais de 6 milhões de litros de tinta e 2,5 mil quilômetros de cabos elétricos, entre outros materiais.
Além da revitalização da indústria, a empresa quer ampliar sua frota e aumentar a capacidade de atendimento de sua própria demanda. A estatal Petrobras é a maior empresa do Brasil. Com os novos navios ela pretende suprir 100% de suas necessidades de navegação de cabotagem e 50% do transporte de longo curso.
Hoje a empresa opera com 130 navios, sendo que apenas 52 são próprios, o que faz ela gastar cerca de US$ 1,2 bilhão por ano em afretamento, de um total de US$ 10 bilhões que o país como um todo gasta anualmente com transporte marítimo.
Hoje os maiores construtores de navios são a Coréia, Japão e China, que dominam 88% da produção mundial. O setor teve um faturamento global em 2006 de US$ 100 bilhões. Em 2005, de acordo com a Transpetro, foram fabricados 1.480 navios no mundo e existem atualmente 6.214 encomendas feitas internacionalmente com entregas previstas para os próximos quatro anos. É uma fatia desse mercado que o Brasil quer passar a abocanhar daqui para frente.