São Paulo – A economia global vai adiante, mas o espectro da recessão ainda ronda o mundo, especialmente a Zona do Euro, de acordo com estimativas divulgadas nesta quarta-feira (29) pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo o relatório Perspectiva Econômica, o Produto Interno Bruto (PIB) mundial deve crescer 3,1% este ano e 4% no próximo.
Embora a média global prevista seja positiva, as estimativas variam bastante entre as diferentes regiões, o que, de acordo com a entidade, mostra que o processo de recuperação econômica ocorre de maneira desigual.
Enquanto a previsão de crescimento dos Estados Unidos é de 1,9% em 2013 e de 2,8% em 2014, na Zona do Euro há expectativa de recuo de 0,6% este ano e de crescimento, de 1,1%, apenas no próximo. “O desemprego historicamente alto segue como o maior desafio dos governos”, diz a organização.
A entidade recomenda a adoção de “ações urgentes” para reduzir o desemprego, que em alguns países está em “níveis perigosos”. O problema é especialmente sério na Europa, onde, segundo a OCDE, deverá continuar crescendo até o ano que vem, ao passo que nos EUA e no Japão espera-se estabilização.
Entre os membros da OCDE, que reúne algumas das maiores economias, a projeção de crescimento do PIB é de 1,2% em 2013 e de 2,3% em 2014, ao passo que nos países que não integram a organização as médias previstas são de 5,5% e 6,2%, respectivamente.
A OCDE reúne as nações desenvolvidas e algumas em desenvolvimento, mas não as maiores economias emergentes, como Brasil, Rússia, Índia e China, grupo conhecido como Bric. Nesse sentido, o relatório aponta mais uma vez maior tendência de crescimento entre os países em desenvolvimento.
Brasil
No caso do Brasil, embora não seja membro da entidade, a OCDE avalia que para incentivar o crescimento o País precisa reduzir “gargalos estruturais” por meio da melhoria da infraestrutura, redução da carga tributária, diminuição da complexidade do sistema tributário e aumento do mercado privado de crédito de longo prazo. O financiamento de longo prazo para grandes empreendimentos depende muito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), uma instituição estatal, com pouca participação de bancos particulares.
A OCDE alerta ainda que as medidas que vêm sendo adotadas pelo governo brasileiro para diminuir a concorrência dos produtos importados no mercado interno, como o aumento de impostos, devem no médio prazo prejudicar o avanço da produtividade da economia brasileira e “devem ser reconsideradas”.
Ainda no Brasil, o desemprego não é problema no momento, pois a taxa é a mais baixa da história, mas a inflação segue acima da meta de 4,5% estabelecida pelo governo e gera preocupação. Nesta sexta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou que o PIB do País avançou 0,6% no primeiro trimestre em relação aos últimos três meses de 2012, e 1,9% na comparação com o período de janeiro a março do ano passado.