Alexandre Rocha
São Paulo – A refinaria de açúcar que está sendo construída na região de Homs, na Síria, e tem participação da empresa brasileira Crystalsev está a meio caminho de ficar pronta. "Cinqüenta por cento da obra já está concluída", disse ontem (14) à ANBA o empresário Maurílio Biagi Filho, diretor da Crystalsev. De acordo com ele, os primeiros testes de produção devem ocorrer no final deste ano e o início da produção no começo do próximo.
A companhia brasileira tem 10% do negócio e tem entre seus parceiros a multinacional de origem norte-americana Cargill e o empresário sírio Najib Assaf, que é o sócio majoritário do negócio. A obra começou no primeiro semestre do ano passado. A previsão inicial era de que o projeto custaria cerca de US$ 75 milhões, mas, segundo Biagi, o valor deverá ficar acima disso após ajustes. O cronograma chegou a sofrer atraso de um ano em seu início.
A refinaria terá capacidade para processar um milhão de toneladas de açúcar por ano e deverá empregar cerca de 300 pessoas, de acordo com Biagi. O objetivo é abbastecer o mercado sírios e dos países vizinhos.
A participação da companhia brasileira não garante, porém, que a matéria-prima, ou seja, o açúcar bruto, será importado do Brasil. "As compras serão feitas no mercado mundial, mas espero que sejam feitas do Brasil, pois temos todas as condições de fornecer", declarou.
O Brasil é o maior produtor e exportador de açúcar do mundo, além de o principal fornecedor do mundo árabe, e está reforçando esta posição com a limitação das exportações açucareiras da União Européia pela Organização Mundial do Comércio (OMC).
Só para se ter uma idéia, segundo informações do Ministério da Agricultura, as exportações da commodity do Brasil para o mundo árabe renderam US$ 2,1 bilhões no ano passado, um aumento de 66,4% em comparação com 2005. Somente para a Síria as vendas chegaram a US$ 130 milhões, um crescimento de 28,4%. Em janeiro deste ano, os embarques do setor para a região somaram US$ 168,2 milhões, 136,5% a mais do que em janeiro de 2005. Para a Síria foi exportado o equivalente a US$ 14,7 milhões no mês.
Segundo o economista Leonardo Bichara Rocha, da Organização Internacional do Açúcar, com a limitação das exportações da UE, basicamente de açúcar refinado, os países do Oriente Médio estão investindo em refinarias e comprado açúcar bruto do Brasil. De fato, no ano passado as exportações brasileiras de açúcar bruto para os árabes cresceram 93%, bem mais do que as de açúcar refinado.
A Crystalsev, com sede em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, é responsável pela venda da produção de nove usinas. Segundo Biagi, o volume comercializado pela companhia chega a um bilhão de litros de álcool e dois milhões de toneladas de açúcar por ano.