Alexandre Rocha, enviado especial
Rio de Janeiro – O presidente da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), Roberto Gianetti da Fonseca, defendeu hoje (01) que o Brasil precisa reduzir seu superávit comercial como maneira de controlar o câmbio e estimular as próprias exportações. O saldo acumulado entre janeiro e novembro deste ano chegou a US$ 41 bilhões, diferença de exportações de US$ 125 bilhões e importações de US$ 84 bilhões.
"O câmbio só vai melhorar se o Brasil importar mais, pois este valor de superávit gera um desequilíbrio estrutural na taxa de câmbio", disse ele. O real está valorizado frente ao dólar, o que em tese faz com que os produtos brasileiros fiquem mais caros no exterior, perdendo competitividade. Hoje o dólar está cotado a R$ 2,16. "É hora de começar a ter um saldo comercial menor", acrescentou.
Ele ressaltou, no entanto, que para haver aumento das importações o país precisa crescer mais e isto só será atingido com a diminuição da taxa de juros, redução da carga tributária e redução dos gastos públicos.
Em sua avaliação, um câmbio mais favorável dá mais segurança às exportações. Segundo Gianetti, dos 16% de crescimento nas vendas externas registrado este ano, o aumento do preço dos produtos no mercado internacional respondeu por 12%, enquanto que aumento do volume embarcado foi responsável por apenas 3%. "Sendo que no comércio mundial o volume de produtos cresceu 8%", afirmou.
De acordo com o presidente da Funcex, cada US$ 1 bilhão exportado representa a criação de 60 mil empregos. "E nada indica que os preços internacionais vão continuar subindo em 2007", disse. Ou seja, sem um aumento significativo do volume exportado, nada garante que o valor dos embarques brasileiros vai continuar a crescer nos mesmo níveis.