São Paulo – A média salarial mundial continua abaixo dos níveis que eram registrados antes da crise de 2008 e se recupera lentamente nos países desenvolvidos. No entanto, nas nações em desenvolvimento a média salarial tem crescido de forma mais acelerada nos últimos anos e deverá manter essa tendência. Em todos os casos, contudo, o aumento do rendimento do trabalhador não acompanha o aumento de produtividade observado nas empresas. É o que indica o Relatório Global de Salários divulgado na sexta-feira (07) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
De acordo com a agência, que pertence ao sistema das Nações Unidas, em 2011 os salários foram 1,2% maiores do que em 2010, na média mundial. No caso dos países desenvolvidos, os salários caíram 0,5% entre 2006 e 2011 e deverão registrar crescimento próximo de zero em 2012. Na Ásia, o aumento no período foi de 5%, no Leste Europeu, de 5,2%, na América Latina subiram 2,2%, na África, 2,1% e no Oriente Médio caíram 0,2%. Deverão crescer na Ásia, América Latina, Caribe e África em 2012, segundo a OIT.
O estudo também cita o crescimento dos salários nos últimos 12 anos. Entre 2000 e 2011, os ganhos dos trabalhadores cresceram, em média, 25%, porém mais que dobraram na Ásia e triplicaram no Leste Europeu. Na África, o aumento no período foi de 18% e na América Latina, de 15%. Já no mundo desenvolvido cresceram, em média, 5%.
Segundo o relatório, os trabalhadores dos países desenvolvidos ainda recebem um salário maior do que seus pares em nações emergentes. Em 2010, um trabalhador da indústria recebeu US$ 1,41 por hora trabalhada nas Filipinas, US$ 4,74 na Hungria, US$ 4,86 na Polônia, US$ 5,41 no Brasil (o quarto menor salário entre 30 países avaliados no estudo), US$ 7,16 em Portugal, US$ 14,53 na Espanha, US$ 23,32 nos Estados Unidos e US$ 34,78 na Dinamarca, o maior salário entre os países selecionados no relatório.
O estudo também avalia a proporção entre salário pago e aumento da produtividade dos trabalhadores e conclui que os salários ficaram aquém do que foi produzido. “Também foram incluídos neste relatório as recentes constatações que demonstram que os salários cresceram em um ritmo menor que a produtividade – o valor dos bens e dos serviços produzidos pelos empregados – na última década na maioria dos países”, diz o estudo.
O diretor-geral da OIT, Guy Ryder, disse que essa diferença entre produção e salário é “indesejável” e precisa ser revertida nos países em que isso ocorre. “A mais clara interpretação é de que os trabalhadores e suas famílias não estão recebendo a parte que merecem”, disse.