São Paulo – A Arábia Saudita precisa de 1,65 milhão de unidades habitacionais até 2015. A previsão é do Banque Saudi Fransi, sediado no próprio país, e foi divulgada neste domingo (20) pela agência britânica de notícias Reuters.
O país, que é a maior economia árabe, enfrenta uma forte escassez de habitação devido ao rápido crescimento populacional e imigração de trabalhadores expatriados. Para combater o problema, o governo saudita implementou um plano que prevê investimento de US$ 400 bilhões em infraestrutura.
"Estimamos que será preciso construir cerca de 275 mil unidades por ano até 2015, num total de 1,65 milhão de unidades em seis anos", informa o relatório do Banque Saudi Fransi. Esse total deverá "suprir a demanda de uma população que dobrou de tamanho desde 1988 e cresce mais de 2% ao ano", ainda segundo o Banque.
Na última sexta-feira (18), o rei saudita Abdullah anunciou a liberação de US$ 93 bilhões em recursos do governo; destes, US$ 66,7 bilhões deverão ser alocados à construção de 500 mil novas unidades de habitação.
"Levando em consideração o desequilíbrio entre oferta e demanda e a explosão iminente na demanda por habitação por parte dos jovens no país, o setor tende a crescer", analisa o documento. A instituição acredita que "a nova lei da hipoteca vai gerar um aumento na quantidade de casas próprias no longo prazo".
Ainda assim, as reformas com o intuito de sanar as deficiências do mercado terão de atender a certos requisitos. "As construtoras terão de construir residências a preços acessíveis", afirma o relatório, "já que os salários no país não são suficientemente altos para sustentar um ‘boom’ do financiamento de hipotecas".
A população saudita deve chegar a 30 milhões em 2017, um aumento de 100% sobre o total registrado há apenas 30 anos, de acordo com uma pesquisa da companhia Euromonitor. A pesquisa aponta também que até 2030, o país deverá ter 36,5 milhões de habitantes, um aumento de quase 40% sobre 2010.
Lei da hipoteca
O parlamento saudita não conseguiu aprovar a tão esperada nova lei da hipoteca, projetada para solucionar a crise da habitação e brecar o aumento dos preços do aluguel que vem gerando inflação no país.
O projeto de lei, discutido em sessão do parlamento saudita no início deste mês, não foi aprovado devido à objeção de um membro, de acordo com notícia divulgada pelo jornal local Alwatan e reproduzida pelo jornal Emirates Business 24/7, dos Emirados.
Segundo o jornal saudita, Majdi Hariri, membro do Conselho da Shura – que é um dos dois órgãos do parlamento – alegou que "ele e outros membros não conhecem todos os detalhes da proposta de lei". O Alwatan não informou quando haverá uma nova sessão.
O Conselho vem debatendo a nova lei há mais de dois anos, mas diferenças entre os membros impedem sua aprovação.
Uma vez aprovada, a lei deverá gerar um forte aumento no financiamento bancário para a habitação. Ainda assim, segundo o Saudi American Bank Group (Samba), é improvável que a nova lei "transforme o setor imobiliário do dia para a noite". "A lei deve ajudar a transformar a demanda potencial em demanda real, mas não vai solucionar diretamente a questão da escassez", avalia o banco.
Ainda assim, segundo o banco Samba, a aprovação do projeto de lei deve representar um progresso importante na abertura de financiamento a uma grande parcela da população saudita – os cidadãos de baixa e média renda.
"A lei vai fornecer garantias colaterais aos bancos, permitindo que eles concedam mais empréstimos", ainda segundo o banco Samba.
*Tradução de Gabriel Pomerancblum