Marina Sarruf
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São Paulo – A exemplo do Brasil, o Sudão pretende ter carros flex-fuel, tecnologia que permite abastecer com álcool, gasolina ou qualquer mistura dos dois, até o final de 2008. A informação foi dada pela delegação sudanesa que chegou na sexta-feira (03) em São Paulo e visitou a Câmara de Comércio Árabe Brasileira. O país árabe está se preparando também para começar a misturar etanol na gasolina. "Na primeira fase a idéia é misturar 10% de álcool na gasolina", afirmou Hind Yousif Badr, do departamento de marketing da Kenana Sugar Company, maior fábrica de açúcar do Sudão.
A delegação é composta por duas representantes de marketing da Kenana Sugar Company, Hind e Sara Salah Elkarib; o diretor de projetos da indústria automotiva Giad, Wahab Hamed Abu Reesh; e o representante do Ministério de Minas e Energia do Sudão, Abdel Munin Gaafar. Segundo Hind, o principal objetivo da viagem ao Brasil é saber mais informações sobre a produção, mercado e leis brasileiras do etanol.
"Nós estamos muito interessados em saber como o Brasil trabalha com esse combustível porque o Sudão tem planos para começar a produção de etanol e trabalhar com carros flex", disse Hind. Os primeiros carros que deverão receber o motor flex serão os das marcas Hyundai, da Coréia, e Nissan, do Japão. Isso porque o Sudão tem parcerias com esses países para montar os automóveis no país. "Cerca de 70% dos carros da Hyundai e da Nissan do Sudão são montados no país", afirmou Reesh, que não descarta a possibilidade de importar carros já com motor flex.
Para passar a ter carros flex, o Sudão está se preparando para começar a produzir etanol. Segundo Hind, a Kenana já tem negócios com a Dedini Indústrias de Base, empresa brasileira líder mundial em equipamentos para o setor sucroalcooleiro. A produção de etanol pela Kenana deve começar em junho de 2008 e a destilaria vai ter uma capacidade inicial para produzir 35 milhões de litros. "Depois devemos dobrar a produção", acrescentou.
De acordo com Gaafar, a produção de etanol no Sudão faz parte de um programa nacional. A idéia é que sejam construídas 13 usinas no país. Segundo Reesh, o preço do petróleo está muito alto e a saída é investir no etanol. "O Sudão é um país enorme e tem muitas terras para agricultura", disse. São 200 milhões de hectares de terras agriculturáveis. O país árabe produz, atualmente, 500 mil toneladas de açúcar ao ano. No ano passado, a Kenana, produziu 430 mil toneladas. Além dela, outras duas companhias do Sudão também estão se preparando para produzir etanol.
Na sexta-feira também os sudaneses estiveram na Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), onde foram recebidos por Eduardo Feijó, que é da Comissão de Energia e Ambiente da entidade. Ele deu uma palestra sobre etanol e carros flex. Feijó destacou que hoje 10% da frota brasileira é composta por veículos do gênero, sendo que mais 13% dos automóveis são movidos somente a álcool. A tendência, de acordo com ele, é de que a quantidade de carros bicombutível aumente ainda mais. Os membros da delegação convidaram Feijó a visitar o Sudão.
A delegação sudanesa deve ficar no país, segundo previsão inicial, até a segunda quinzena de agosto. A programação inclui visitas à União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (UNICA), à Dedini, ao Porto de Santos e à Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). A agenda foi organizada com apoio da Câmara Árabe e da Embaixada do Sudão em Brasília.