Alexandre Rocha
São Paulo – A Táxi Aéreo Marília (TAM), empresa que faz parte do mesmo grupo da TAM Linha Aéreas, quer aumentar sua participação no segmento de assistência técnica de aeronaves pequenas. Para tanto, ela inaugurou na semana passada um novo centro de manutenção no aeroporto de Jundiaí, a 63 quilômetros de São Paulo. Foram investidos R$ 24 milhões na montagem do complexo, que tem 18,9 mil metros quadrados de área construída e capacidade para atender até 120 aeronaves simultaneamente.
Batizado de Centro de Tecnologia em Manutenção de Aeronaves Executivas Comandante Rolim Adolfo Amaro, em memória do fundador da companhia, trata-se do maior complexo do gênero no mundo entre os concessionários da Cessna Aircraft Company, pelo menos até dezembro, quando a empresa norte-americana vai inaugurar um novo complexo de manutenção no Kansas, nos Estados Unidos. A TAM é representante oficial da Cessna no Brasil, tanto para venda de aviões, como para assistência técnica.
De acordo com o presidente da empresa brasileira, Rui Thomaz de Aquino, existem hoje cerca de 2,7 mil aeronaves Cessna de vários tipos no Brasil, desde monomotores até jatos executivos. No centro de manutenção que tem hoje no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, a TAM faz a assistência técnica de cerca de 250 desses aparelhos. A meta é passar a atender pelo menos mil aviões da marca nos próximos dois ou três anos. "Queremos atingir níveis melhores de penetração no mercado", disse Aquino.
A companhia brasileira também oferece serviços de manutenção para os bimotores King Air, fabricados pela norte-americana Rahyteon, e para os helicópteros da Bell Helicopters.
Para o diretor-executivo da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), Adalberto Febeliano, além do grande porte das instalações e o investimento "significativo", o empreendimento da TAM será importante para ajudar no desenvolvimento do aeroporto de Jundiaí como novo pólo de atendimento à aviação geral, em substituição a Congonhas, hoje muito congestionado.
A falta de espaço em Congonhas, segundo Aquino, foi justamente o principal motivo para a construção das novas instalações. Em São Paulo, o centro de manutenção da TAM tem apenas 4,2 mil metros quadrados, o que a impedia de atender novos clientes. A empresa vai encerrar suas atividades de manutenção no aeroporto da capital paulista, mas vai continuar a prestar os serviços de táxi aéreo e de compra e venda de aeronaves no local.
A intenção da empresa é explorar principalmente o mercado brasileiro, já o que o Brasil é o segundo maior mercado do mundo para a aviação executiva, atrás apenas dos Estados Unidos. Mas a TAM não descarta atrair clientes de países próximos, como Argentina, Paraguai e Chile. Quanto aos custos do serviço, Aquino diz: "Pode parecer incrível, mas às vezes a mão-de-obra é mais barata do que na manutenção de um carro, quando comparada com essas oficinas especializadas em carros importados."
Perfil
Hoje a TAM Táxi Aéreo fatura cerca de R$ 100 milhões por ano, sendo que R$ 33 milhões vêm do setor de assistência técnica. Aquino acredita que, com o novo centro, as receitas devem aumentar entre 10% e 15% em 2005. A meta é dobrar o faturamento com a área de manutenção nos próximos cinco anos.
As novas instalações, que já começaram a funcionar na segunda-feira (09), têm 150 funcionários. Aquino disse, no entanto, que a idéia é ter entre 500 e 600 empregados nos próximos cinco anos. Se a demanda for a esperada, a companhia já planeja construir um novo hangar de 8,1 mil metros quadrados daqui a dois anos.
Fundada em 1961, a Táxi Aéreo Marília conta hoje com uma frota de seis jatos executivos e mais 12 turboélices modelo Caravan, da Cessna, para fretamento. Ela é a precursora da TAM Linhas Aéreas, uma das maiores companhias aéreas do Brasil, que conta com 70 aeronaves, voa para 39 destinos no país e mais três no exterior (Miami, Paris e Buenos Aires). No dia 17 a TAM Linhas Aéreas, em parceria com a libanesa Middle East Airlines, vai inaugurar um vôo entre São Paulo e Beirute, capital do Líbano.
O setor de aviação geral inclui todas as aeronaves que não fazem parte dos segmentos de aviação comercial e militar. Dele fazem parte, por exemplo, as áreas de aviação executiva, agrícola, empresas de táxi aéreo, aeroclubes, ultraleves e aviões de pequeno porte de propriedade de particulares.
Dentro do setor, de acordo com Adalberto Febeliano, as duas áreas mais importantes são a aviação executiva, "pelo valor de seus ativos", que conta com 1,4 mil aeronaves no país; e a aviação agrícola, "pelo valor dos serviços prestados".