Da Agência Brasil
Brasília – O saldo das transações correntes com o exterior chegou a US$ 1,211 bilhão no mês de dezembro, elevando o superávit acumulado em 2004 para US$ 11,669 bilhões. Foi o maior saldo positivo já registrado no país, desde o acompanhamento da série histórica, iniciado em 1947, informou hoje (20) o economista Luiz Sampaio Malan, do Departamento Econômico do Banco Central.
Ele disse que o superávit "extremamente positivo" para as contas externas equivale a 1,94% do Produto Interno Bruto (PIB) e a mais do dobro do superávit de contas correntes em 2003, de US$ 4,177 bilhões, que representava apenas 0,82% do PIB. Malan acredita, contudo, que o bom saldo de dezembro não se repetirá durante este mês, no qual ele prevê "equilíbrio nas contas", com saldo próximo de zero.
Ao divulgar relatório mensal sobre Setor Externo, Malan ressaltou que a conta de serviços em dezembro foi negativa em US$ 638 milhões, ao passo que as viagens internacionais foram superavitárias em US$ 21 milhões e as despesas líquidas com transporte somaram US$ 140 milhões. As despesas com aluguel de equipamentos chegaram a US$ 369 milhões no mês e a saída líquida com informática e informações foi de US$ 130 milhões.
As remessas líquidas de renda para o exterior somaram US$ 2 bilhões no mês passado, com redução de 8,6% na comparação com dezembro de 2003, e acumularam US$ 20,5 bilhões no ano, com acréscimo de 10,6% na comparação anual. Já os investimentos estrangeiros diretos contabilizaram entradas de US$ 3,150 bilhões no último mês de 2004 e alcançaram a marca anual de US$ 18,166 bilhões. O aumento foi de 79% em relação aos US$ 10,144 bilhões do ano anterior. A Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) apontou uma entrada de US$ 16 bilhões no país.
O economista do BC informou que neste mês já foram registradas entradas de US$ 890 milhões de investimentos estrangeiros diretos, e a perspectiva é de chegar a US$ 1,2 bilhão no final de janeiro. Ele adiantou que a retomada gradativa do fluxo de investimentos externos no país leva o BC a trabalhar com estimativa de US$ 14 bilhões de recursos novos em 2005.
Os números consolidados do relatório sobre Setor Externo mostram que as reservas internacionais cresceram US$ 2,802 bilhões em dezembro. Com isso, o nível das reservas subiu para US$ 52,935 bilhões, dos quais US$ 27,541 bilhões se referem a "reservas líquidas ajustadas", que excluem empréstimos do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Em relação à dívida externa, porém, os números estão consolidados só até outubro do ano passado, com registro de US$ 203,2 bilhões, sendo US$ 184,7 bilhões do endividamento de médio e longo prazos e US$ 18,5 bilhões de compromissos de curto prazo. O setor público não-financeiro é responsável por US$ 115,4 bilhões, ou 56,8% da dívida total.