Túnis – A Tunísia registrou um déficit comercial recorde de 15,6 bilhões de dinares tunisianos (US$ 6,3 bilhões) no ano passado, resultado de exportações de 34,4 bilhões de dinares (US$ 13,9 bilhões) e importações de mais de 50 bilhões de dinares (US$ 20,2 bilhões). Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (11) pelo Instituto Nacional de Estatísticas do país e reproduzidos pela agência de notícias Tunis Afrique Presse (TAP).
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As exportações tunisianas cresceram 18,1% em 2017 sobre 2016, ao passo que as importações avançaram 19,8% na mesma comparação. Destaque para o aumento de 40% das compras externas de produtos do setor de energia, principalmente petróleo e derivados.
Houve crescimento expressivo também das importações de produtos agrícolas (20,8%), especialmente de trigo, de matérias-primas e bens intermediários (23,5%), de bens de capital (9,7%), e de minérios, fosfatos e derivados (23,8%).
As compras de bens de consumo aumentaram 18% em função principalmente de automóveis, óleos essenciais e produtos de perfumaria, e artigos de plásticos, entre outros itens.
Na outra mão, houve avanço das exportações da maioria dos setores, como os de energia (derivados de petróleo), do agronegócio – com destaque para o azeite de oliva e as tâmaras -, as indústrias mecânicas e elétricas, a indústria têxtil, de confecções e couros, e outras indústrias de transformação. Ocorreu, no entanto, um recuo de 1,6% nos embarques da área de minérios, fosfatos e derivados, em especial de ácido fosfórico.
A Tunísia teve déficit principalmente no comércio com a China, Itália, Turquia, Rússia e Argélia, mas registrou superávit no intercâmbio com a França, Líbia e Reino Unido. A França é a principal parceira comercial da nação do Norte da África.
Com o Brasil, a Tunísia teve um déficit de US$ 236 milhões. As exportações brasileiras ao país árabe somaram US$ 286,6 milhões, um aumento de 45% sobre 2016. Os principais itens embarcados foram açúcar, soja, óleo de milho, óleo de soja e café.
As vendas da Tunísia ao Brasil totalizaram US$ 50,5 milhões, um crescimento de 6% na mesma comparação. Os produtos mais comercializados foram naftas, fosfatos de cálcio, fluoretos de alumínio, superfosfatos e fosfato. As informações são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
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Protestos
Segundo a TAP, o ministro tunisiano do Comércio, Omar El Béhi, disse que a justificativa para os recentes aumentos de preços no país é a busca da redução dos déficits comercial e fiscal. Ele destacou outras medidas para conter as importações, como o restabelecimento de tarifas aduaneiras sobre produtos importados da Turquia a partir do primeiro dia do ano.
O aumento do custo de vida vem provocando protestos na Tunísia desde o último domingo. O país aumentou impostos e os preços dos combustíveis, o que inflamou manifestantes. Este mês, a queda do ditador Zine El Abdine Ben Ali, que governou país por mais de duas décadas, completa sete anos. O levante popular tunisiano que pôs fim ao regime de início à chamada Primavera Árabe.