Alexandre Rocha
São Paulo – As exportações do setor brasileiro de máquinas e equipamentos para os Emirados Árabes Unidos renderam mais de US$ 20 milhões entre janeiro e julho deste ano contra pouco menos de US$ 12 milhões no mesmo período de 2003, o que significa um aumento de quase 68%. Para o Egito, a soma dos embarques passou de US$ 4,6 milhões nos primeiros sete meses do ano passado para US$ 5,2 milhões, um crescimento de mais de 12%.
Os dois países árabes fazem parte da lista dos 50 principais destinos do segmento no exterior, segundo dados divulgados ontem (16) pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
"Representantes do segmento de máquinas para o setor de plástico participaram recentemente de uma feira nos Emirados Árabes e tiveram um sucesso espetacular", disse o novo presidente da Abimaq, Newton de Mello, que assumiu formalmente ontem a presidência da entidade em substituição a Luiz Carlos Delben Leite. Seu mandato vai até 2007.
Embora a Arábia Saudita não faça parte da lista dos principais compradores, Mello acrescentou que representantes da indústria de máquinas agrícolas e de equipamentos para irrigação estiveram no país, também participando de uma feira, "e voltaram muito satisfeitos com os resultados".
Embora os principais compradores de máquinas e equipamentos brasileiros sejam hoje os Estados Unidos, Argentina, Alemanha, México, Reino Unido, Itália, Chile e Venezuela, Mello destacou que a conquista dos chamados "mercados alternativos" está nos planos do setor. Segundo ele, faz parte da estratégia da Abimaq promover os produtos do Brasil, em exposições e outros eventos, em países como China, África do Sul, Rússia, Nova Zelândia, Austrália e Índia.
Desempenho geral
No geral, as exportações do setor somaram US$ 3,527 bilhões entre janeiro e julho contra US$ 2,652 bilhões no mesmo período do ano passado, o que significa um aumento de 33%. Mello estima que as exportações deverão render US$ 6 bilhões no ano contra US$ 4,9 bilhões em 2003.
De acordo com ele, o aumento dos embarques é resultado de um trabalho de promoção comercial que começou em 1999, deflagrado pela desvalorização do real frente ao dólar, fato que fez os preços dos produtos brasileiros tornarem-se mais competitivos.
Mas ele destacou que as máquinas e equipamentos fabricados no Brasil têm qualidade e não só preços competitivos. Prova disso, segundo Mello, é que os principais compradores são também tradicionais fornecedores do setor, como os Estados Unidos e a Alemanha. "Nós não fabricamos todos os tipos de máquinas, mas somos competitivos no que fazemos", disse.
As importações, por sua vez, somaram US$ 3,741 bilhões entre janeiro e julho, ante US$ 3,304 bilhões no mesmo período de 2003, um crescimento de 13,2%. A balança comercial do setor é deficitária para o Brasil. Mas, na opinião de Mello, isso não chega a ser um problema. "Os valores das importações e das exportações estão próximos e isso é saudável, nós não reclamamos. Nenhum país pode produzir tudo o que existe em termos de bens de capital", declarou.
Faturamento e empregos
O faturamento geral do setor chegou a R$ 24,121 bilhões nos primeiros sete meses do ano contra R$ 19,713 bilhões no mesmo período de 2003, um aumento de 22,4%. Além do crescimento das exportações, segundo Mello, o desempenho positivo foi influenciado pelo aquecimento do mercado interno.
Segundo a Abimaq, o consumo interno aparente, que é a soma da produção nacional, mais as importações e menos as exportações, cresceu 13,2% no período. Além disso, houve aumento no nível de emprego de 179.496 vagas em 31 de julho de 2003 para 200.774 em 31 de julho de 2004.
Mello acredita que o faturamento do setor deve crescer 30% no ano. Em 2003, a receita global do segmento ficou em R$ 35,1 bilhões. Já o nível de emprego, em sua avaliação, deve crescer entre 15% e 18%.
Já os investimentos das empresas, após o lançamento do Modermaq – programa governamental de financiamento da compra de máquinas e equipamentos a taxas fixas – e da redução de impostos sobre bens de capital, deve chegar ao patamar de R$ 7,8 bilhões por ano. A Abimaq já prevê para este ano investimentos de R$ 6 bilhões.