Alexandre Rocha*
São Paulo – O Brasil e os países árabes vão ficar um pouco mais próximos a partir de 17 de agosto, pelo menos por via aérea. É que neste dia será inaugurado um vôo entre São Paulo e Beirute, capital do Líbano, fruto de uma parceria entre a libanesa Middle East Airlines e a brasileira TAM.
A criação da nova rota foi confirmada ontem (19) durante uma reunião, no Palácio do Planalto, entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro do Turismo Walfrido Mares Guia, o presidente da TAM, Marco Bologna, o embaixador do Líbano em Brasília, Fouad El-Khory, o presidente da Embratur, Eduardo Sanovicz, e o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB), Paulo Sérgio Atallah.
"O presidente Lula está muito entusiasmado em poder ver essa iniciativa realizada", disse Atallah. "Agora qualquer pessoa vai poder comprar uma passagem para o Líbano nos escritórios da TAM no Brasil, assim como qualquer um vai poder comprar uma passagem para o Brasil nos escritórios da Middle East no Oriente Médio", acrescentou.
Em sua avaliação, a "capilaridade" que será criada é a grande vantagem da nova rota. Ou seja, um turista ou empresário árabe poderá pegar um vôo para São Paulo e usufruir das conexões da TAM para o resto do país e outros destinos na América do Sul. Já um turista ou empresário brasileiro poderá voar para Beirute e lá pegar uma conexão da Middle East para outros países da região.
"É uma complementaridade que não existia e vai facilitar muito o turismo e o comércio em todos os sentidos", afirmou Atallah.
A linha será compartilhada pelas duas companhias. A TAM vai fazer o trecho entre São Paulo e Paris, para onde já tem 17 vôos semanais (10 próprios e sete compartilhados com a Air France) e a Middle East entre a capital francesa e Beirute.
As tarifas ainda não foram definidas, mas são esperados valores competitivos. Segundo informações da assessoria de imprensa da TAM, os passageiros poderão fazer uma parada em Paris, na ida ou na volta, a princípio sem alterações no preço da passagem.
Destinos
A TAM opera com 70 aeronaves e atende 39 cidades no Brasil, além de Miami, nos Estados Unidos, Paris (França) e Buenos Aires (Argentina). A companhia brasileira conta ainda com os vôos da TAM Mercosur (ex Líneas Aéreas Paraguayas), que serve Assunção, no Paraguai, e de lá voa para Santiago (Chile), Buenos Aires, Punta del Este e Montevideo (Uruguai), Ciudad del Este (Paraguai), Santa Cruz de la Sierra e Cochabamba (Bolívia).
Já a Middle East tem uma frota de nove aviões Airbus A330-200 e A321-200 e voa para Dubai e Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, Riad e Jeddah, na Arábia Saudita, Kuwait, Amã (Jordânia), Cairo (Egito), Istambul (Turquia), além de outros destinos no Oriente Médio, África e na Europa, como Roma, Frankfurt, Londres, Paris, Genebra e Atenas.
"Isso vai facilitar o desenvolvimento do turismo, dos negócios e das relações culturais entre os dois países", disse o empresário libanês Tony Ghorayeb, que participou das negociações para a formação da parceria entre a TAM e a Middle East a pedido do presidente do Líbano, Émile Lahoud.
A Middle East já teve uma linha para São Paulo, criada em 1995, mas ela foi cancelada três anos depois por falta de demanda. Esse vôo fazia escala na Costa do Marfim, na África. A possibilidade da retomada da rota, mas desta vez por Paris, começou a ser discutida no início do ano passado, mas tomou força após a viagem do presidente Lula ao Líbano em dezembro de 2003 e da visita de Lahoud ao Brasil em fevereiro.
Antes do vôo inaugural, será realizado no dia 16 de agosto em Beirute, um jantar comemorativo, que vai contar com a presença de Lahoud, do ministro Mares Guia, do presidente da TAM e de outras personalidades brasileiras e libanesas.
Emirados
Embora a rota compartilhada entre a TAM a Middle East seja a primeira iniciativa recente de unir brasileiros e árabes pelo ar, ela não deverá continuar única por muito tempo. A Emirates Airlines, dos Emirados Árabes, pretende começar operar um vôo diário entre Dubai e São Paulo até o final do ano.
No mês passado, autoridades brasileiras e do país árabe assinaram um acordo aéreo que permitirá à Emirates realizar até 14 vôos semanais. Se a rota para São Paulo tiver boa demanda a companhia poderá também abrir uma linha entre Dubai e o Rio de Janeiro.
*Colaborou Marina Sarruf