Alexandre Rocha
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São Paulo – Representantes da Itambé, uma das maiores indústrias de laticínios do Brasil, vão visitar a Argélia no início do próximo ano atendendo a um convite feito ontem (07) pelo ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural do País Árabe, Said Barkat. "Ele nos convidou a ir à Argélia para ver as possibilidades de investimentos na produção e industrialização de leite. E devemos ir para conhecer um mercado para o qual fornecemos há 15 anos", disse à ANBA o vice-presidente da empresa, Jacques Gontijo, que recebeu o ministro da fábrica da companhia em Uberlândia, Minas Gerais.
De acordo com Gontijo, a Itambé vai estudar a possibilidade de investir na industrialização do leite na Argélia. "Além do governo, nós temos muitos clientes que reprocessam o leite lá, e esta é uma operação que poderíamos fazer no país", afirmou. Segundo ele, a empresa vai avaliar tal opção "com muita atenção", não só com vistas ao mercado argelino, que é o principal do leite brasileiro no exterior, mas também com o objetivo de estabelecer uma plataforma de exportação para outras nações africanas. "Ali perto estão a Líbia, Egito e Sudão, que são grandes importadores de leite", acrescentou.
Gontijo afirmou que a Argélia consome 15% das exportações brasileiras de leite e, no caso da Itambé, a participação do país árabe deverá ficar entre 20% e 25% do total este ano. "É o principal destino do Brasil e também da Itambé", afirmou. A companhia, segundo ele, exporta 15% do leite que processa. A produção total gira em torno de 1,5 bilhão de litros por ano, o que resulta em um faturamento de cerca de R$ 1,7 bilhão. O Brasil como um todo, segundo o executivo, deverá exportar entre 700 milhões e 800 milhões de litros este ano e obter receitas de US$ 200 milhões com as vendas externas.
Ontem Barkat visitou a fazenda de um dos produtores associados à Itambé e a fábrica onde é produzido leite em pó, a principal mercadoria exportada. "Ele ficou surpreso com o estado avançado das condições de produção", afirmou Gontijo. De acordo com ele, este ano os embarques de leite em pó para a Argélia devem chegar a 10 mil toneladas. Outros produtos bastante comercializados pela empresa no exterior são o leite condensado e o leite evaporado, que é uma espécie de leite condensado sem açúcar, do qual é retirada metade da água.
Além da Argélia, a Itambé vende também para outros países árabes, como Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos. Os Emirados, segundo Gontijo, como grande centro comercial, importam e distribuem leite para outros mercados. "Certamente mais da metade de nossas exportações vai para a região", declarou.
A Itambé é uma cooperativa com 8 mil produtores associados que fornecem 3,6 milhões de litros de leite por dia para suas quatro unidades industriais, sendo duas em Minas e uma em Goiás. Ela emprega quase 3 mil funcionários. As vendas externas da empresa são feitas pela Serlac, trading de lácteos que pertence à Itambé, outras quatro companhias do ramo e à Sertrading, de comércio exterior.
Carne bovina
Quem vai à Argélia também é o frigorífico Bertin, que foi visitado pelo ministro Barkat na terça-feira. Segundo o diretor de mercado externo da empresa, Marcos Bicchieri, uma missão comercial deverá ir ao país árabe. "O Grupo Bertin já mantém negócios na Argélia, via parceiros comerciais, e tem total interesse em ampliar sua presença nesse país. A convite do ministro, a empresa planeja realizar uma missão comercial nesse mercado, para breve", disse ele à ANBA por e-mail.
O Bertin é um dos principais exportadores de carne bovina do Brasil e, de acordo com Bicchieri, 10% das vendas externas têm a Argélia como destino. Questionado se a companhia pretende investir por lá, o executivo afirmou que ela está sempre aberta a novas oportunidades de negócios. Ele acrescentou que existe a possibilidade do grupo vir a exportar sêmen de bovinos brasileiros ao país árabe.
"O ministro mostrou forte interesse em estreitar, ainda mais, o relacionamento comercial entre os dois países. Inclusive comentou que irá incentivar outros ministérios a fazer o mesmo, tanto para a carne bovina quanto para outros produtos. Brasil e Argélia estão em franca expansão, o que impulsiona as parcerias", disse Bicchieri. "O país tem um enorme potencial de crescimento e um grande interesse em realizar negócios por lá, até mesmo pela boa localização geográfica", concluiu, referindo-se à proximidade da Europa, Oriente Médio e outros países africanos.
Objetivo
Atrair investimentos brasileiros para o ramo do agronegócio na Argélia tem sido o principal objetivo da visita de Barkat ao Brasil, iniciada na segunda-feira. Ele já havia falado do assunto na Câmara de Comércio Árabe Brasileira e na Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
Hoje Barkat estará em Brasília, onde vai se encontrar com representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e com os ministros da Agricultura, Reinhold Stephanes, e do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel.
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