Da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A produção brasileira de grãos cresceu 4,1% em 2006 em relação a 2005. Foram colhidas 117,3 milhões de toneladas, 4,6 milhões de toneladas a mais do que no ano anterior. O resultado foi alcançado mesmo com a redução de 2,5 milhões de hectares na área de plantio, um recuo de 5,2% da área plantada, que vinha crescendo desde 2001.
Os dados são da Pesquisa Agrícola Municipal de Cereais, Leguminosas e Oleaginosas, divulgada hoje (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que reúne informações sobre o desempenho de 15 culturas de grãos no país.
Apesar do aumento na produção, os ganhos obtidos com a colheita de grãos caíram 15,1% em relação ao ano anterior, totalizando R$ 7,3 bilhões a menos do que em 2005. Em relação a 2004, a redução foi ainda maior (35,4%), com R$ 22 bilhões a menos no valor comercializado.
Segundo Alfredo Guedes, analista agrícola do IBGE, o aumento na produção é uma recuperação em relação a 2005, quando a safra de grãos foi muito prejudicada pelo clima, principalmente no Sul do país. “2005 foi um ano de muita seca, então 2006 é um ano de recuperação de produtividade. Houve uma redução da área plantada, mas as condições climáticas foram melhores, o que favoreceu essa produção maior”, explicou.
De acordo com Alfredo Guedes, a retração na área plantada e também no valor gerado com a produção de grãos são reflexos dos baixos preços da soja e do algodão no mercado internacional. Ele salientou, no entanto, que ao diminuir a área para reduzir os riscos, os produtores escolhem as melhores terras concentrando mais investimentos e alcançando maior produtividade, como ocorreu no caso da soja.
O principal impacto para o desempenho positivo da colheita de grãos foi a recuperação da cultura do milho (42,6 milhões de toneladas), cuja produção cresceu 21,5% em relação a 2005. Outro fator determinante foi o resultado recorde na produção de soja, com cerca de 52 milhões de toneladas colhidas, 2,5% a mais do que o registrado em 2005 e 1% superior a safra de 2003, a maior alcançada até então.
Soja e milho continuam sendo o carro-chefe da produção de grãos no país com, respectivamente, 44,3% e 36,1% do total da colheita.
O levantamento do IBGE mostrou também redução na produção de trigo (47,1%) e de arroz (12% ). Para Guedes, o desempenho negativo das duas culturas é resultado dos baixos preços dos produtos no mercado, que levaram os agricultores a plantar menos.
O Paraná voltou a ocupar o primeiro lugar no ranking nacional com 19,8% dos grãos do país, liderando a produção de feijão, milho, trigo, triticale, aveia e cevada, além de ser o segundo maior produtor de soja.
Mato Grosso foi o segundo maior produtor de grãos, com 18,9% do total e o primeiro na produção de soja, concentrando 30% da colheita do grão.
O Rio Grande do Sul recuperou-se em relação a 2005, com crescimento de 70% na colheita, e ficou em terceiro lugar no ranking, com 17% do total grãos produzidos em território nacional.
O município de Sorriso (MT) foi o maior produtor nacional de grãos em 2006, com mais de 2 milhões de toneladas colhidas, ocupando a liderança na produção de soja.