Da Agência Brasil
Rio de Janeiro – A produção agrícola brasileira gerou R$ 2,8 bilhões a mais em 2006 do que em 2005, um crescimento de 2,9%, impulsionado principalmente pelas culturas de cana-de-açúcar, café e laranja. Os dados fazem parte da pesquisa Produção Agrícola Municipal 2006 – Culturas Temporárias e Permanentes (PAM) divulgada hoje (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O valor de produção, obtido a partir de 62,3 milhões de hectares plantados no país em 2006, foi de R$ 98,3 bilhões. O avanço ocorreu mesmo com uma redução de 3% na área plantada em relação ao ano anterior. O valor da produção agrícola brasileira não atingiu, no entanto, o patamar de 2004, quando houve o recorde de R$ 111,2 bilhões.
De acordo com o levantamento, o desempenho mais significativo foi o observado no cultivo de cana-de-açúcar. O volume produzido aumentou 8,1% em relação a 2005 e o valor obtido com a produção, quase R$ 17 bilhões, cresceu 29% na mesma comparação.
O analista agrícola do IBGE Alfredo Guedes destacou a contribuição da cultura para a receita agrícola nacional. "A cana-de-açúcar vem crescendo nos últimos anos e em 2006 não foi diferente. É a segunda maior cultura em termos de valor, responsável por 17,3% do valor total da produção agrícola. Tanto tivemos aumento na produção como os preços estavam altos e isso favoreceu muito esse crescimento de 2,9%."
Segundo Guedes, os cerca de R$ 3,8 bilhões a mais gerados pela cultura da cana, resultaram da alta do preço do produto em função do aumento da demanda no mercado nacional e internacional para produção de álcool combustível.
A pesquisa também apontou expansão de 37,1% na receita gerada com a produção de café, de 2005 para 2006. O aumento refletiu o ano de safra cheia, com o ciclo bianual do produto fechado em 2006. As condições meteorológicas e os preços internacionais favoráveis também contribuíram para que o café fosse responsável por 9,5% do valor da produção agrícola nacional.
De um ano para o outro, a safra do café beneficiado cresceu 20,2%, passando de 35,6 milhões de sacas em 2005 para 42,8 milhões no ano passado. Segundo Guedes, no entanto, o aumento da produção foi o esperado para um ano de safra cheia, enquanto o diferencial foram preços melhores do produto, valorizado com o aumento da demanda no mercado internacional.
Outro destaque foi a produção de laranja, cuja receita foi ampliada em 33,1% concentrando 5,4% dos recursos financeiros gerados pela agricultura nacional. O volume produzido aumentou 1%, chegando a 18 milhões de toneladas. Segundo Guedes, porém, o que motivou a expansão na receita foi a elevação da cotação da matéria-prima no mercado externo por causa de problemas climáticos que afetaram a produção cítrica nos Estados Unidos, principal concorrente do Brasil.
Na avaliação do vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Joel Naigele, os resultados da pesquisa mostram a exuberância da produção agrícola brasileira. "Considero os dados muito bons. As perspectivas são muito boas porque a cada ano mais consumidores estão se incorporando ao mercado."
Naigele destacou a diversidade de culturas agrícolas, que faz com que os produtores e o país tenham alternativas quando determinado produto tem o desempenho afetado e há necessidade de investir em infra-estrutura para que o setor continue se desenvolvendo. "O produtor brasileiro é o de mais economicidade do mundo. A gente só perde quando enfrenta a falta de infra-estrutura adequada como estradas, portos e ferrovias, que são o grande gargalo da produção agrícola brasileira."
A pesquisa Produção Agrícola Municipal investiga 63 produtos das lavouras temporárias e permanentes da agricultura nacional, a partir de informações geradas em todos os municípios do país. Os dados sobre cereais, leguminosas e oleaginosas, que também fazem parte da pesquisa já foram divulgados antecipadamente pelo IBGE no mês de julho, apontando redução valor gerado pela da produção da soja, do algodão herbáceo, do arroz e do trigo, que sofreram com baixos preços dos produtos no mercado internacional, com a valorização do real e, em alguns casos, com estiagens e geadas.
Apesar de ter sido atingida pelos preços, a soja teve safra recorde (cerca de 1,2 milhões de toneladas) e continua sendo a cultura com maior contribuição para o valor da produção agrícola brasileira, responsável por 18,8% dela, seguida por cana-de-açúcar (17,3%), milho (10,1%), café (9,5%) e laranja (5,4%).