Da Agência Brasil
Recife – As exportações brasileiras de camarão para o mercado norte-americano, que eram em média de 21,8 mil toneladas-ano, sofreram uma redução de 54% de janeiro a agosto deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Houve também uma queda de 3,5% no faturamento das empresas.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão, Itamar Rocha, o desempenho negativo contraria a tendência de crescimento da atividade, que vinha sendo registrado nos últimos seis anos. "A expectativa era produzir 117 mil toneladas do crustáceo e exportar 76 mil, gerando receita de US$ 300 milhões", informou.
Ele atribui o fraco resultado à redução de financiamentos públicos para o custeio e investimentos em novas tecnologias de produção e à ação anti-dumping movida pela Associação de Pescadores de oito Estados do Sul dos Estados Unidos, alegando que o Brasil e mais cinco países estavam comercializando o crustáceo com preço menor do que o custo de produção, em prejuízo da indústria de pesca extrativista norte-americana.
A entidade americana anunciou que, depois da denúncia, o Departamento de Comércio Exterior dos EUA abriu processo para investigar as acusações e aplicou sanções ao Brasil, China, Índia, Tailândia, Equador e Vietnã, que implicam em taxações para os importadores, no caso brasileiro, estabelecida em 23,6% , enquanto a Tailândia, maior país exportador de camarão, foi taxada em 6,39%.
Rocha explicou que o Congresso Nacional vai nomear, nos próximos dias, uma comissão para intermediar as negociações junto ao Congresso norte-americano. Afirmou que a justificativa a ser apresentada é a de que 96% do camarão brasileiro é produzido no nordeste, região que concentra atributos naturais, mas detém alto índice de desemprego e precisa da atividade indutora de desenvolvimento, já que é capaz de gerar 3,75 empregos por hectare, sendo 90% de mão-de-obra sem qualificação profissional, e 14% de mulheres, empregadas nas indústrias de processamento.
O presidente da Associação enfatizou que o mercado norte-americano, maior importador do crustáceo no mundo, deve ser preservado, uma vez que o Brasil tem pretensão de ser líder no setor nos próximos 10 anos e precisa manter a competitividade para alcançar essa meta.
Itamar Rocha informou que diante das restrições impostas pelos Estados Unidos, os exportadores brasileiros de camarão estão redirecionando as exportações para a Europa e a Ásia. "A expectativa agora é colocar no mercado internacional 58,4 mil toneladas, mantendo pelo menos o mesmo patamar do ano passado, com um faturamento de US$ 226 milhões", afirmou.
Com exceção do Rio Grande do Norte, que conseguiu exportar 14,5 mil toneladas este ano, os demais estados do Nordeste tiveram desempenho negativo nas vendas externas. As vendas de Pernambuco baixaram de 4,6 mil para 3,2 mil toneladas. Já no Ceará a queda foi de 11%.
O preço do quilo do camarão exportado varia em média de US$ 4 a U$ 10, dependendo do tamanho.